Nem tudo é propósito. Às vezes, é só a vida pedindo chão.
Já vi gente genial travar.
Gente com propósito claro, voz firme, ideia validada — e ainda assim, parando no meio do caminho.
Não por falta de talento. Nem de coragem.
Mas por cansaço. Ou falta de chão.
A gente romantiza muito a ideia de que quem tem um “porquê forte” aguenta qualquer “como”.
Mas o que ninguém fala é que, às vezes, o “como” vem carregado demais.
Vem com boleto, com familiar doente, com burnout, com criança que não dorme à noite. Vem com ansiedade, com dúvida, com autocobrança.
E aí, meu bem, nem propósito sustenta.
Tem gente que não parou porque desistiu do sonho.
Parou porque não tinha mais estrutura emocional ou material pra carregar tudo sozinha.
E tudo bem.
Estabilidade não é tédio. É lastro.
É quando você consegue respirar sem sentir que o mundo vai desmoronar se você piscar. É quando você tem espaço pra testar, errar, voltar e tentar de novo. É o que permite que o propósito sobreviva ao mundo real.
E tem mais uma peça nesse quebra-cabeça: tesão.
Porque ninguém consegue trabalhar dez, doze horas por dia, estudar à noite, pagar conta, manter casa e ainda sorrir — se não tiver um mínimo de entusiasmo pelo que faz.
Não falo de empolgação de palco. Falo de tesão mesmo. Vontade de fazer, de construir, de melhorar.
Aquela coisa meio secreta que te move mesmo quando ninguém está olhando.
Então se você tá se cobrando por ainda não ter achado seu propósito, eu te entendo.
Mas talvez agora não seja hora disso.
Talvez agora seja hora de fortalecer sua base, construir estabilidade, e proteger aquilo que te dá energia.
A hora do propósito volta. E quando voltar, você vai estar mais inteiro.
Nem todo ciclo precisa ser épico.
Às vezes, o mais revolucionário que você pode fazer agora é ficar bem.
E isso já é bonito pra caramba.
(Navegando entre os porquês e os por enquanto)