Pesquisar

Startup de SC quer destravar bilhões em crédito na construção civil com IA

Foto: divulgação.

Imagine um canteiro de obras onde o avanço físico da construção é validado automaticamente por uma IA. Essa é a proposta da startup de Timbó Syncker, que desenvolveu um agente proprietário de IA Física com capacidade de compreender e interagir com o ambiente ao seu redor em tempo real.

A empresa captou R$ 4,5 milhões em recursos públicos e privados, incluindo cerca de R$ 1 milhão via CNPq e Fapesc, por estar alinhada à Nova Indústria Brasil (NIB), que prioriza iniciativas voltadas à digitalização e aumento de produtividade em setores estratégicos.

A tecnologia da startup transforma o canteiro com uma nova infraestrutura de controle, validação e crédito, sem relatórios manuais, retrabalho ou ruídos entre incorporador, construtora, empreiteiro e banco.

Seu impacto vai além da eficiência operacional: a expectativa é destravar mais de R$ 140 bilhões em crédito, facilitando o acesso da construção civil ao mercado primário por meio da automatização de validações técnicas que hoje travam a liberação de recursos.

Já em fase de testes com grandes incorporadoras como Tecnisa, MPD, Matec e FG Empreendimentos, a solução está sendo aplicada em obras que somam mais de R$ 3 bilhões em valor geral de vendas (VGV).

Segundo Celso Berri, CEO e fundador da Syncker, hoje, para liberar crédito, o agente financeiro depende de documentos e fotos que chegam com atraso, sem padrão e sem confiabilidade.

“Isso gera uma longa espera, que pode durar meses, entre executar o trabalho e receber por ele. A nossa tecnologia acelera esse processo ao validar automaticamente o avanço físico da obra com Inteligência Artificial Física. O que queremos entregar é simples: se a obra avançou, o dinheiro pode, e deve, chegar no mesmo dia”.

O sistema combina simulação 3D, deep learning e um gêmeo digital da obra. A IA é treinada a partir de modelos BIM fornecidos pelos clientes e aprende a sequência lógica da construção.

Em campo, a IA enxerga o canteiro por meio de câmeras embarcadas em smartphones, identifica o que foi construído, compara com o planejado e atualiza automaticamente uma representação digital da obra, acessível em tempo real por todos os agentes envolvidos e autorizados: engenharia, financeiro, empreiteiros e instituições financeiras.

A coleta e análise dos dados podem ser feitas mesmo sem conexão com a internet, com sincronização posterior, o que facilita o uso em obras com infraestrutura de rede limitada.

Mais do que digitalizar imagens, a IA da Syncker interpreta o ambiente com contexto e memória. Ela entende o que foi feito, o que deveria ter sido feito e o que vem a seguir. Essa capacidade de criar expectativa sobre o avanço físico permite decisões com nível de precisão compatível ao de um engenheiro experiente.

“Segundo dados globais da McKinsey, a construção civil é um dos setores menos digitalizados do mundo, atrás apenas da pesca. É nesse cenário que a Syncker quer se consolidar como novo elo de confiança entre quem executa, quem fiscaliza e quem financia. Diferente de soluções que dependem de sensores isolados ou humanos validando imagens, a Syncker entrega validação contínua, imparcial e rastreável, baseada em uma arquitetura proprietária já em processo de patente”.

Apesar de já ter recebido interesse orgânico de empresas em mais de 15 países, o foco da Syncker, atualmente, é o Brasil.

Nos próximos anos, a empresa planeja ampliar presença nacional, aproximar-se de fundos e bancos, e lançar soluções financeiras integradas à sua plataforma, como contas digitais e antecipação de recebíveis com dados validados pela IA e registrados em blockchain.

“Temos potencial para gerar até R$5 bilhões em receita e criar um novo padrão de validação técnica no setor. O canteiro de obras pode e deve ser digital, confiável e conectado. E nós estamos preparando nossa plataforma para isso”, conclui.

Compartilhe

Tudo sobre economia, negócios, inovação, carreiras e ESG em Santa Catarina.

Leia também