Vivemos um tempo em que toda empresa quer falar sobre propósito. Sustentabilidade, diversidade, impacto positivo são palavras que ganharam força nos slides, nas campanhas e nas fachadas corporativas. Mas entre o que se diz e o que se faz há um abismo que, para ser cruzado, exige algo cada vez mais raro: coerência.
Credibilidade não nasce do marketing, nasce das escolhas. E é justamente nas decisões silenciosas, aquelas que não viram propaganda, que a verdadeira cultura de uma empresa se revela.
Quando é preciso dizer “não” para continuar sendo quem se é:
Recentemente, um exemplo me chamou a atenção. A Natura &Co, grupo brasileiro reconhecido mundialmente por seu compromisso com a biodiversidade e com comunidades amazônicas, decidiu suspender temporariamente a venda de alguns produtos quando faltaram insumos naturais como açaí e pitanga provenientes dessas cadeias produtivas locais.
A empresa poderia facilmente importar os ingredientes de outro país, manter o ritmo das vendas e ninguém notaria. Mas escolheu o caminho mais difícil: honrar o discurso.
Preferiu pausar o lucro a trair o valor.
Esse tipo de decisão carrega um simbolismo poderoso, porque revela o que realmente guia a organização quando os números e os princípios entram em conflito. É o teste da coerência.
Cultura é o que permanece quando ninguém está olhando:
Muitas companhias afirmam “ter propósito”, mas poucas o sustentam quando ele começa a custar caro. É fácil ser sustentável quando há abundância; difícil é manter a integridade quando o mercado pressiona por escala.
A cultura organizacional autêntica não é construída em campanhas, mas em decisões cotidianas: na escolha do fornecedor, no ritmo da produção, na transparência sobre as dificuldades. Quando propósito e prática caminham juntos, nasce a credibilidade, e credibilidade é o que nenhum investimento em mídia consegue comprar.
Transparência que inspira confiança
Quando uma empresa comunica com verdade, nclusive quando decide pausar, corrigir, repensar, ela ganha algo que o consumidor de hoje valoriza mais do que o preço: confiança.
E confiança não se compra. Se conquista, se cultiva, se entrega.
A atitude da Natura &Co é um lembrete para todo o ecossistema empresarial: não existe reputação sólida sem coerência. Marcas que entendem isso transcendem o rótulo de “empresa” e se tornam referência de valor.
No fim, tudo se resume a verdade.
O discurso pode emocionar, mas é a conduta que convence. Credibilidade é quando o “falar bonito” cede espaço ao “agir certo”.
“Empresas que têm coragem de alinhar o propósito à prática deixam um legado que vai além do lucro, constroem respeito”.
E respeito é o ativo mais valioso de qualquer marca.