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Perspectivas dos editais de fomento para 2026 no Brasil

Foto: divulgação

O Brasil voltou a falar de inovação com entusiasmo e, desta vez, com ação. Entre os esforços para reacender o crescimento industrial e tecnológico, um dos pilares mais relevantes tem sido a expansão do fomento público não reembolsável.

Nos últimos anos, o país tem passado por uma transformação silenciosa, mas profunda, na forma de apoiar quem desenvolve tecnologia. O fomento deixou de ser apenas um mecanismo de incentivo e passou a ocupar um papel estratégico: impulsionar empresas que inovam, arriscam e constroem soluções de futuro.

Quando o Estado decide compartilhar os riscos da inovação, faz mais do que financiar projetos. Ele transforma a inovação em um projeto coletivo de país.

E, como em todas as minhas colunas, vamos aos dados:

O cenário atual:

A Nova Política Industrial Brasileira (NIB), lançada pelo governo federal com metas até 2033, marca um novo capítulo na história do desenvolvimento nacional. O plano prevê R$ 300 bilhões em investimentos até 2026, sendo R$ 20 bilhões destinados exclusivamente a recursos não reembolsáveis.

Esse movimento demonstra uma mudança importante na lógica de investimento público: o foco deixa de ser apenas no crédito e passa a contemplar o estímulo direto à pesquisa, à tecnologia e à digitalização das empresas brasileiras.

Finep: o coração do fomento

Nesse cenário, a Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assume o protagonismo. Dos R$ 41 bilhões sob sua gestão, R$ 20,5 bilhões estão destinados a operações não reembolsáveis.

Nos últimos meses, a instituição lançou 11 chamadas públicas, somando mais de R$ 2 bilhões em oportunidades para empresas e instituições de pesquisa.

Entre os destaques, estão os editais de fluxo contínuo, que permitem o envio de propostas em qualquer momento do ano, um avanço importante em direção a um modelo mais ágil e acessível de financiamento à inovação.

O fomento como política de Estado

Outro passo relevante é o Programa Mais Inovação, lançado pela Finep em parceria com o BNDES, que mobiliza R$ 60 bilhões até 2026.

O programa combina crédito com taxas reduzidas (TR + 2% ao ano) e recursos não reembolsáveis, criando um modelo híbrido que incentiva desde startups até grandes indústrias.

Mais do que volume de recursos, o que está em jogo é uma nova forma de pensar o desenvolvimento nacional, a inovação como política de Estado, não apenas de governo.

O que esperar até 2026

Se as políticas atuais forem mantidas, o Brasil deve viver um dos maiores ciclos de investimento público em inovação da última década. As tendências mais claras apontam para:

  • Expansão setorial: editais voltados a áreas estratégicas como energia limpa, saúde, mobilidade e economia de baixo carbono.
  • Descentralização regional: ampliação do acesso ao fomento em estados e cidades fora dos grandes polos de inovação.
  • Exigência de impacto: aumento das métricas de avaliação social, econômica e ambiental dos projetos apoiados.

Esses movimentos sinalizam uma transição de um modelo pontual de fomento para uma estratégia de desenvolvimento sustentável e distribuído, com potencial de gerar inovação em todas as regiões do país.

O desafio por trás da oportunidade

O fomento está disponível, mas ele não é automático.

De nada adianta um país repleto de programas se as empresas não souberem transformar boas ideias em projetos estruturados, mensuráveis e com retorno.

O novo ciclo do fomento brasileiro já começou.

A questão é: quem vai estar preparado para transformar recurso em resultado e resultado em impacto real?

Na próxima coluna, vou falar sobre o panorama de Santa Catarina, os setores que estarão em foco e as oportunidades que devem marcar o cenário de 2026.

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Fundadora da Cocriar, especialista em gestão de produtos e inovação, atuando com captação de recursos e desenvolvimento de estratégias que transformam ideias em negócios sustentáveis e de impacto.

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