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COP30 e o setor empresarial: hora de sair da arquibancada

Foto: divulgação

A COP30, que será realizada em Belém (PA) no próximo mês promete ser um dos marcos mais importantes das últimas décadas na agenda climática global. E se engana quem pensa que essa conferência está distante do mundo empresarial. A pergunta que todo empreendedor precisa se fazer é: qual é o meu lugar nessa transformação?

Trata-se do principal fórum internacional sobre mudanças climáticas, reunindo quase 200 países para discutir metas de redução de gases de efeito estufa, adaptação climática, justiça social e financiamento verde. Esta será a primeira edição sediada na Amazônia e também marcará os dez anos do Acordo de Paris. Mais do que debates, a expectativa é que a COP30 seja a “COP da Implementação”, quando o mundo finalmente transforma compromissos em ações concretas e mensuráveis.

Mas o que isso tem a ver com o seu negócio? Tudo. Cada empresa, independentemente do porte ou setor, impacta o meio ambiente pelo consumo de energia, geração de resíduos, emissões no transporte ou estrutura da cadeia de fornecedores. A questão é: sua empresa está entre as que esperam ser obrigadas a mudar ou entre aquelas que se antecipam, inovam e transformam a sustentabilidade em diferencial competitivo?

Os eventos climáticos extremos já afetam diretamente a operação e o faturamento das empresas. Vendavais, chuvas intensas e secas prolongadas impactam estruturas, interrompem o abastecimento e elevam o custo de matérias-primas. Só em Santa Catarina, estiagens e enchentes somaram R$ 724 milhões em prejuízos na última década para os cofres públicos, com reflexos diretos no setor privado.

Gestão climática, portanto, não é pauta ambiental, é pauta de sobrevivência, estratégia e competitividade. Empresas que planejam, medem e reduzem suas emissões estão mais preparadas para enfrentar esses eventos e têm mais facilidade para acessar financiamentos verdes, atrair investidores e atender às novas exigências regulatórias.

É nesse contexto que a COP30 ganha relevância direta para o setor produtivo. As discussões em Belém tratarão de temas que impactam o dia a dia empresarial: transição energética, crédito de carbono, economia circular, bioeconomia e capacitação em empregos verdes. O setor empresarial brasileiro, liderado pela CNI, já apresentou suas prioridades: acelerar a transição para fontes renováveis, fortalecer o financiamento climático, garantir uma transição justa com geração de empregos e promover cadeias de valor sustentáveis.

Em linha com essa visão, o grupo Sustainable Business COP (SB COP), formado por lideranças empresariais globais, definiu oito eixos de ação para o pós-COP30: transição energética, com ampliação do uso de fontes renováveis e eficiência energética; economia circular e inovação em materiais; bioeconomia, reconhecendo suas atividades como fonte de créditos de carbono; soluções baseadas na natureza integradas aos mercados regulados; sistemas alimentares de baixo carbono; cidades sustentáveis; finanças de transição, com facilitação do crédito verde; e desenvolvimento de competências profissionais para a economia de baixo carbono.

A expectativa é que a saída da COP30 seja mais prática do que política, ampliando o acesso a mecanismos de financiamento climático com regras transparentes, especialmente para pequenas e médias empresas, ponto defendido pela FIESC. Segundo a entidade, a descarbonização precisa caminhar junto com a competitividade e a valorização de quem já implementa práticas sustentáveis.

A COP30 não será um evento distante em Belém, mas um espelho das decisões que as empresas precisam tomar diariamente. Por isso, o conselho é acompanhar de perto as discussões da conferência e começar a se posicionar com ações de gestão climática. O futuro debatido lá começa dentro de cada empresa, fábrica, loja ou propriedade rural.

Se você ainda não sabe por onde começar, três passos podem colocar sua empresa no caminho certo. Primeiro, meça sua pegada de carbono atual, não é possível gerenciar o que não se mede. Segundo, mapeie as vulnerabilidades climáticas da sua operação, identificando onde sua cadeia produtiva é mais suscetível a eventos extremos. Terceiro, busque capacitação, investindo em conhecimento sobre economia verde, transição energética e oportunidades de financiamento sustentável.

A arquibancada está lotada de empresas que observam as mudanças acontecerem. O campo está aberto para quem decide agir. Qual será a sua posição?

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CEO e fundadora da Eco.InPact, especialista em governança e ESG, com ampla experiência em consultoria voltada para planejamento estratégico, gestão de riscos e ESG em organizações públicas e privadas.

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