Com as mudanças estruturais trazidas pela Reforma Tributária em curso e um cenário econômico cada vez mais exigente, empreendedores que não dedicam atenção ao planejamento financeiro correm risco de não ter controle sobre o caixa.
De acordo com o Sebrae, cerca de 60% das empresas fecham antes de completar cinco anos, e falhas na gestão financeira são apontadas como causa recorrente.
Para 2026, o momento exige ajustes importantes.
A contadora Mariane Pereira Oriques, fundadora da Bonanza Consultoria, compartilha cinco dicas essenciais para quem quer estruturar um planejamento financeiro sólido para o próximo ano:
1. Faça um planejamento tributário
O Brasil é reconhecido pela sua complexidade quanto o assunto é regime tributário e, embora a reforma prevista pretenda simplificar o processo, até lá é importante analisar as escolhas da empresa.
“Nem sempre o Simples é realmente o regime tributário mais indicado para o negócio e é fundamental analisar se o enquadramento atual proporciona realmente o cenário mais favorável para o crescimento da empresa”.
Para ela, iniciar 2026 já com um planejamento tributário realizado guiará o negócio de maneira muito mais assertiva, evitando, por exemplo, pagamento superior ao necessário quando o assunto é imposto.
2. Faça provisão de caixa para férias e 13º salário
São obrigações trabalhistas previsíveis, mas que frequentemente pegam o caixa de surpresa. Mariane recomenda:
- Mensalmente, reservar uma parcela da receita da empresa para compor um fundo destinado ao pagamento de férias e 13º (por exemplo, provisionar 1/12 ou valor equivalente de cada obrigação);
- Monitorar a evolução dessas provisões ao longo do ano. Se forem feitas de forma acumulativa, o impacto no fluxo é menos traumático;
- Verificar, no planejamento orçamentário, se há espaço para essas provisões inclusive em períodos de sazonalidade ou baixo faturamento;
Essa disciplina evita que uma boa performance em alguns meses seja comprometida por falta de reserva nos meses de maior comprometimento.
3. Tenha clareza entre receitas, despesas, previsão e fluxo de caixa
Um dos erros mais comuns é confundir projeções otimistas com o fluxo de caixa real.
“É importante separar claramente receitas realizadas (o que efetivamente entrou), despesas realizadas (o que já foi pago) e previsões futuras (o que pode entrar ou sair). O empreendedor deve montar um fluxo de caixa com prazos reais de recebimento e pagamento e não confiar apenas em estimativas. É importante criar cenários (otimista, realista e conservador) para ver como variações nos recebimentos ou despesas impactam o caixa e revisar o orçamento regularmente”.
4. Evite misturar finanças pessoais e empresariais
Misturar o caixa da empresa com os recursos pessoais é uma armadilha que compromete a transparência e a saúde do negócio.
Além disso, essa falta de divisão dificulta o controle da lucratividade real da empresa e impede que se identifiquem com clareza margens, rentabilidade e necessidades de reinvestimento.
É fundamental, segundo a contadora, ter contas separadas, estipular uma retirada fixa, o chamado prolabore e garantir que haja essa distinção entre o que é da empresa e o que é do dono.
5. Não negligencie apoio especializado
Um dos maiores erros que empresários cometem é tentar fazer sozinho toda a gestão financeira ou fiscal, sem apoio qualificado.
“A complexidade da nova Reforma Tributária torna imprescindível ter orientação contábil e fiscal especializada para evitar erros de conformidade. Esse apoio não é custo, mas um investimento para iniciar 2026 com mais tranquilidade e clareza, visando a perenidade do negócio”, finaliza.
 
  
