Por Douglas Pena, CRO e sócio-fundador da Minha Quitandinha.
A transformação digital deixou de ser privilégio das grandes corporações e passou a fazer parte da rotina de pequenos e médios empreendedores.
Impulsionada pela análise de dados e pelo uso estratégico da inteligência artificial, essa mudança vem permitindo decisões mais precisas, redução de desperdícios e maior rentabilidade.
Segundo o estudo “Desbloqueando o potencial da IA no Brasil”, encomendado pela Amazon Web Services (AWS) à Strand Partners, cerca de 9 milhões de empresas brasileiras, o equivalente a 40% do total, utilizam a tecnologia de forma efetiva, e 95% relataram aumento na receita após a implementação.
Esses números reforçam que a análise de informações deixou de ser um diferencial e se tornou um pilar estratégico.
Quando bem utilizada, ela permite ao empreendedor conhecer o comportamento dos clientes, antecipar demandas, otimizar o mix de produtos e ajustar preços com maior precisão.
Isso significa operar com mais eficiência, foco e agilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
No varejo, onde as margens de lucro são estreitas e cada centavo conta, transformar dados em decisões práticas passou a ser uma questão de sobrevivência.
Em um minimercado autônomo, por exemplo, podemos usar a inteligência de dados para entender padrões de consumo em diferentes regiões e perfis de condomínio. Isso nos permite ajustar o portfólio de produtos em tempo real, reduzindo rupturas e aumentando o giro de mercadorias.
Em muitos casos, esse processo também nos ajuda a criar promoções direcionadas que elevam o ticket médio e fortalecem a fidelização.
Essa personalização, antes restrita ao e-commerce, agora faz parte do dia a dia das lojas físicas. A IA permite oferecer experiências de compra sob medida, com sugestões de produtos baseadas em compras anteriores, campanhas adaptadas ao perfil do cliente e comunicações mais assertivas.
Isso não apenas aumenta o engajamento, mas também cria conexões mais profundas com o consumidor.
Outro ponto poderoso é o uso da análise preditiva, que possibilita antecipar tendências, prever demandas sazonais e reagir com agilidade às mudanças do setor.
Dessa forma, o varejista não apenas acompanha o mercado, mas se antecipa a ele. Em um segmento onde tempo e agilidade muitas vezes determinam o sucesso ou o fracasso de uma operação, essa vantagem competitiva é crucial.
No entanto, a tecnologia por si só não faz milagres. É fundamental que a cultura analítica esteja presente em todos os níveis do negócio. Isso envolve capacitar equipes, desenvolver habilidades de leitura e interpretação de dados e garantir que as informações coletadas sejam convertidas em ações práticas.
Muitos pequenos empreendedores ainda acreditam que esse universo está fora do seu alcance, mas hoje existem ferramentas acessíveis e adaptadas a empresas de todos os tamanhos.
O varejo mudou e continuará mudando. Em um cenário cada vez mais dinâmico e exigente, quem toma decisões no “achismo” corre o risco de desaparecer. Dados são a nova moeda da competitividade.
Aqueles que aprenderem a usá-los com inteligência transformarão insights em lucro real e estarão mais preparados para enfrentar os desafios do presente e explorar as oportunidades do futuro.