Nos últimos anos, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma pauta ambiental para se tornar uma estratégia de marca. Cada vez mais, o público espera das empresas não apenas produtos que causem menos impacto, mas uma gestão que traduza responsabilidade em todas as suas decisões. Ser sustentável hoje é um ato de coerência e é justamente isso que transforma o ESG em mais que manual de compliance, ele se tornou um verdadeiro pilar de branding.
No entanto, comunicar sustentabilidade exige transparência e seriedade. O chamado greenwashing, quando uma organização tenta se posicionar como responsável socioambientalmente sem, de fato, colocar isso em prática, é um risco real e prejudicial. Ele mina a confiança do público, desvaloriza o trabalho de quem atua com autenticidade e transforma o ESG em um discurso vazio. Sustentabilidade não é narrativa, é prática. Por isso, a consistência entre o que se comunica e o que se faz é o alicerce da credibilidade de uma marca.
Para que essa coerência aconteça, é essencial que a empresa tenha clareza de seus princípios e de sua agenda ESG. Ter uma base de valores sólida orienta não apenas as estratégias de produto, mas também as decisões de negócio, ajudando a priorizar iniciativas que estejam alinhadas ao propósito da companhia. Quando essa estratégia é incorporada ao planejamento estratégico, e não tratada como uma pauta paralela, ela se transforma em um instrumento de fortalecimento da identidade corporativa.
Outro ponto fundamental é o engajamento. Não basta estabelecer metas sustentáveis; é preciso envolver pessoas em torno delas. Colaboradores, fornecedores e parceiros precisam entender seu papel dentro dessa agenda. Projetos de conscientização, treinamentos internos e critérios rigorosos na escolha de parceiros criam uma verdadeira cadeia de valor comprometida com impacto positivo. Esse engajamento é o que dá vida às estratégias, tornando a responsabilidade socioambiental um movimento coletivo e contínuo, e não uma iniciativa pontual.
A força do ESG como elemento de branding está justamente na sua capacidade de gerar resultados tangíveis. Por isso, a transparência é indispensável. Relatórios de sustentabilidade são ferramentas valiosas para comunicar de forma clara o impacto das ações realizadas, sempre com base em dados e evidências concretas. Mais do que um documento técnico, eles representam um compromisso público com a evolução contínua e reforçam a confiança dos stakeholders na jornada da empresa
Algumas companhias globais têm se destacado ao comunicar essa responsabilidade de forma genuína. A Natura, gigante brasileira do setor de cosméticos, traduz o conceito de ESG em sua essência, conectando biodiversidade, impacto social e inovação em todas as etapas da cadeia de valor. Já a Tony’s Chocolonely, marca holandesa de chocolates, transforma o propósito em símbolo ao denunciar as desigualdades na indústria do cacau, com uma comunicação que alia transparência, ativismo e design — como nas barras de chocolate divididas de forma irregular para representar essa injustiça. A IKEA, rede sueca de móveis e decoração, mostra como é possível democratizar o consumo consciente com soluções acessíveis e comunicação prática, ajudando o consumidor a enxergar o impacto positivo de pequenas mudanças no cotidiano.
Não se trata mais de “ter” iniciativas sustentáveis, mas de “ser” uma empresa sustentável. O ESG, quando genuíno, não é uma tendência de mercado, e sim um valor permanente, aquele que cria conexões verdadeiras com um público que quer consumir com propósito. E, no fim das contas, é essa autenticidade que diferencia organizações que apenas comunicam responsabilidade daquelas que, de fato, inspiram confiança e constroem relevância duradoura.
Ser sustentável, do produto à gestão, é um caminho de aprendizado contínuo. É compreender que cada escolha carrega um impacto e que, mais do que vender, marcas com propósito têm o poder de transformar.