Por Ivan Junckes Filho, CEO na NeuroSteps.
O setor de saúde está diante de uma transformação inevitável: migrar de um modelo fragmentado, apoiado em registros manuais e decisões muitas vezes subjetivas, para uma realidade em que a inteligência de dados se torna a base para a sustentabilidade e a qualidade assistencial.
No campo das terapias especiais, especialmente em condições complexas como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse desafio é ainda mais evidente. A ausência de padronização nos registros, a dificuldade de consolidar informações e a falta de indicadores confiáveis impactam não apenas os resultados clínicos, mas também a segurança dos envolvidos no processo terapêutico e a eficiência de todo o sistema.
É justamente nesse ponto que a tecnologia pode redefinir o padrão de atuação. Sistemas de gestão em saúde não podem se limitar a digitalizar processos; eles precisam criar infraestruturas de dados inteligentes. Isso significa coletar informações estruturadas que possam ser analisadas em tempo real para apoiar tanto a prática assistencial quanto a tomada de decisão gerencial.
Ao integrar protocolos, relatórios automáticos e dashboards interativos, plataformas digitais permitem que operadoras e prestadores visualizem de forma clara a evolução dos pacientes, identifiquem gargalos e ajustem condutas no tempo correto. Trata-se de um caminho para viabilizar a saúde baseada em valor, em que cada decisão está ancorada em evidência e cada recurso aplicado pode ser mensurado em termos de impacto real.
Essa lógica traz benefícios concretos. Para as operadoras, maior previsibilidade de custos e capacidade de construir modelos de remuneração inovadores. Para clínicas, eficiência operacional e diferenciação no mercado. Para os profissionais, padronização de condutas e menos tempo em burocracias. E para as famílias, uma experiência mais transparente e confiável.
O futuro da saúde passa por entender que dados não são subprodutos administrativos, mas insumos estratégicos. São eles que permitem transformar informações dispersas em inteligência, e inteligência em resultados sustentáveis.
Como executivo de tecnologia, acredito que nosso papel não é apenas desenvolver sistemas, mas criar soluções que ajudem a redefinir padrões. Se quisermos construir uma saúde mais eficiente, justa e humanizada, precisamos colocar a tecnologia no centro — não como acessório, mas como infraestrutura crítica para todo o ecossistema.