Por Suelen Hames, contadora especialista em controladoria e finanças.
Nos últimos meses, a Reforma Tributária voltou ao centro das discussões no Brasil e, desta vez, de forma definitiva. Não se trata de mais uma proposta isolada, mas da maior mudança no sistema de arrecadação sobre o consumo das últimas décadas. Como contador, observo diariamente o quanto essa transformação já começa a impactar decisões empresariais, projeções financeiras e estratégias de crescimento.
A proposta traz mudanças estruturais claras: a simplificação dos tributos, por meio da unificação de impostos sobre consumo; uma transição gradual, pensada para suavizar impactos econômicos; e uma alteração profunda na forma de cobrança, que afetará diretamente a formação de preços, margens de lucro e modelos de negócio.
Na prática, tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS serão substituídos, de forma progressiva, por dois novos impostos principais: a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), em nível federal, e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), compartilhado entre estados e municípios. Soma-se a isso o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.
Embora o discurso principal seja de simplificação, a realidade do período de transição será desafiadora. Durante anos, empresas e profissionais precisarão conviver simultaneamente com o sistema atual e o novo modelo. Isso exigirá investimentos em tecnologia, revisão de processos, capacitação de equipes e, principalmente, planejamento tributário estratégico.
Outro ponto que merece atenção é a mudança da lógica de cobrança, que passa da origem para o destino do consumo. Essa alteração impactará estados e municípios que hoje se beneficiam de incentivos fiscais e pode redefinir o mapa de competitividade entre regiões do país.
Diante desse cenário, acredito que a maior vantagem não estará apenas em pagar menos tributos, mas em compreender melhor o funcionamento do novo sistema e estar preparado antes da maioria. Empresas que anteciparem ajustes, revisarem preços e reestruturarem operações sairão na frente.
A Reforma Tributária não é um tema restrito a contadores ou advogados. Ela afeta toda a cadeia econômica. Entender o básico deixou de ser uma opção — é uma necessidade estratégica.
E você, já começou a se preparar para essa nova realidade?
