O Centro de Inovação Blumenau (CIB) comemora nesta quarta-feira, dia 17, cinco anos de atuação. Nesse período, impactou mais de 111 mil pessoas e viu as startups residentes ultrapassarem a marca de R$ 18 milhões em investimentos.
Atualmente, o CIB possui 45 empresas residentes na estrutura física, entre negócios estruturados e os que integram o Programa de Incubação. Cerca de300 pessoas circulam diariamente pelo prédio, movimentando o ecossistema de startups da região.
Para o professor Udo Schroeder, presidente do Conselho de Administração do Instituto Gene, o CIB trouxe uma nova perspectiva para a inovação em Blumenau, criando um movimento coletivo, baseado na colaboração e integração de empresas, universidades, organizações e pessoas.
Confira a entrevista completa com o professor Udo, em que ele aborda o impacto da instituição nestes cinco anos de atividade e os planos futuros:
Quais são as principais conquistas do ecossistema nesses cinco anos de CIB?
Temos diversas conquistas e todas com impacto importante no ecossistema. E tudo tem apoio nas quatro hélices de atores que compõem o modelo de negócio do Instituto Gene: academia (universidades, centros de pesquisa e escolas); setor público (municipal, regional e estadual); setor privado (indústria, comércio e serviços) e terceiro setor (sociedade civil organizada). Todos, indistintamente, têm contribuído para as conquistas. Uma delas, mais recente, é a implantação do Distrito de Inovação de Blumenau, na qual o governo do Estado disponibilizou R$ 60 milhões para dar início à primeira fase do projeto e que contempla, inclusive, uma segunda unidade para o Centro de Inovação Blumenau, o que chamamos de CIB2. Outra importante ação são as discussões setoriais das governanças que abordam eixos específicos da economia de Blumenau e que já estão garantindo bons resultados.
Tem algum case de startup ou projeto que simbolize o impacto do CIB nesses cinco anos?
Temos vários cases de sucesso nestes cinco anos de existência do Centro de Inovação Blumenau. Negócios que cresceram aqui por meio de conexões que permitiram aporte de investimentos seguros para alavancar as metas, como é o caso da Paytrack e Marvee. A primeira, por exemplo, chegou no CIB com cerca de 30 funcionários e deixou o prédio com mais de 160 colaboradores. Hoje, conta com mais de 300, é líder no mercado de gestão de viagens e despesas corporativas, atendendo mais de 7 mil clientes e gerenciando cerca de R$ 3 bilhões de despesas corporativas ao longo de 2024. A Marvee, por sua vez, chegou pequena, mas logo consolidou seu modelo de negócio inédito no país, combinando BPO financeiro e contábil, e em 2023, adotou uma virada estratégica no negócio e reestruturou o modelo de negócios para o formato de franquias. A startup soma mais de 700 clientes ativos, 50 franqueados em operação e um crescimento de faturamento de mais de 150% ao ano. Mas temos outras tantas que igualmente nos enchem de orgulho pela trajetória que estão trilhando. Além disso, claro, temos nossos programas e projetos desenvolvidos aqui no CIB e que também estão repercutindo positivamente, como é o caso do Inova 60+, que em 2025 atuou em 11 municípios da região do Vale Europeu, trazendo os idosos para atividades intelectuais e convívios intergeracionais. Temos ainda a Escudo, patrocinadora do CIB, que também apresenta impactos significativos. A plataforma de gestão de treinamentos de SST conta com mais de 100 cursos online de QSMS e Sustentabilidade integrados. Destinado a empresas de todos os tamanhos, gerando redução de custos para empresas e facilidades aos gestores para capacitar e certificar a força de trabalho, atendendo as normas do Ministério do Trabalho e e-Social.
Quais números vocês têm hoje que ajudam a mostrar a dimensão desse crescimento?
Durante estes cinco anos, avançamos na construção de um BI com uma empresa patrocinadora do CIB, para acompanhamento constante dos nossos resultados. Até o final deste ano estávamos com a capacidade máxima de ocupação, ainda com fila de espera. São 45 empresas que residem no prédio considerando negócios estruturados e os que integram o Programa de Incubação. São cerca de 300 pessoas que circulam diariamente pelo prédio. Isso sem contar os eventos, quando o número de pessoas aumenta significativamente. Pelo nosso BI, desde a inauguração do CIB em dezembro de 2020, foram realizados aqui quase 4 mil eventos, impactando mais de 111.800 mil pessoas. Só em 2025, foram mais de 1 mil eventos com impacto direto de 30.800 pessoas. Além disso, acompanhamos de perto os investimentos recebidos pelas empresas residentes, que ultrapassam R$ 18 milhões.
Quantos negócios integram hoje o Programa de Incubação do Gene?
Começamos o ano de 2025 com mais de 20 negócios no Programa de Incubação. Hoje são 17, entre incubados presenciais e virtuais. O que acontece é que alguns encerram o tempo previsto de capacitação e acompanhamento e são ‘graduados’, ou seja, recebem o título de ‘empresa graduada’, apta a caminhar sozinha no mundo dos negócios. E este é o papel da incubadora: orientar, capacitar, acompanhar o desenvolvimento para que a startup tenha condições de crescer sozinha. E é importante lembrar que as inscrições para integrar a incubadora estão abertas e todas as informações estão no site do Gene.
Como vocês se preparam para atender as demandas de um ecossistema que muda tão rápido?
O universo do ecossistema de inovação é incrível mesmo. E esse é um diferencial de termos nossa governança apoiada na quádrupla hélice (que reúne representantes do governo, academia, terceiro setor e sociedade civil. Trabalhamos de maneira colaborativa com parceiros estratégicos e com inspiração em redes nacionais e internacionais. Ao conectar essas múltiplas perspectivas, nosso ecossistema ganha em flexibilidade nas decisões importantes.
O que mudou na forma como Blumenau enxerga a inovação desde a chegada do CIB?
O CIB trouxe uma nova perspectiva para a inovação. Antes, o tema era percebido de maneira fragmentada, com iniciativas isoladas de empresas, universidades, organizações e pessoas. Com o CIB, começamos a perceber a inovação como um movimento coletivo, baseado na colaboração e integração de todos estes atores. Podemos dizer que o CIB se tornou um ponto de encontro estratégico, onde pessoas, ideias e negócios circulam. Isso fortaleceu a percepção de que inovação é resultado de interação coletiva e da maturidade do nosso ecossistema.
Quais perfis de negócios ou startups mais têm buscado o CIB hoje?
É um perfil eclético porque nossos editais contemplam vários critérios. Um dos editais, por exemplo, é focado em projetos PD&I, voltado para empresas estabelecidas que desejam desenvolver projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em espaço individual no Centro de Inovação Blumenau. Outro é o edital específico para empresas com alguma iniciativa inovadora, além do edital voltado para startups que queiram integrar a incubadora. Todos estes editais são de fluxo contínuo, ou seja, basta inscrever e passar pela banca avaliadora.
Quais são as principais prioridades do CIB para 2026?
Um dos principais desafios para o ecossistema como um todo é a implantação efetiva do Distrito de Inovação de Blumenau, algo que contempla a construção do CIB2, um segundo prédio para atender os projetos que estão em fila de espera e que querem se conectar conosco. Além disso, precisamos fortalecer nossas governanças para atuarem de forma efetiva no ecossistema. Hoje temos governanças em seis eixos: saúde, TI, economia criativa, eletrometalmecânica, e do próprio Distrito de Inovação.
Que conselho você deixaria para quem quer empreender dentro da dinâmica de um centro de inovação?
O que sempre falamos aqui é que a inovação se faz com gente esbarrando em gente. Quer dizer: o Centro de Inovação é um espaço onde as oportunidades nascem do encontro entre pessoas, ideias e competências. Aqui é o local para cocriação, validação e troca de conhecimento entre empreendedores e especialistas que podem ajudar a empresa a ajustar a rota e criar vantagem competitiva. Por isso, incentivamos e criamos eventos para de fato, criar caminhos de conexão. Para além disso, estamos em rede. Somos 24 centros de inovação pelo estado, integrados à Rede Catarinense de Centros de Inovação, e todos têm especificidades e eixos de atuação distintos, conforme a característica de cada região. E esse também é um ponto importante, porque as conexões podem envolver todo o estado.
