Por Fernando Camargo, diretor de desenvolvimento de software da SoftExpert.
A conformidade regulatória sempre foi sinônimo de rigor, análise meticulosa e, muitas vezes, processos lentos de adaptação. No entanto, uma mudança de paradigma silenciosa, mas poderosa, poderá redefinir as regras do jogo corporativo em 2026.
Pesquisas apontam para um futuro em que a Inteligência Artificial Agêntica (Agentic AI) e a hiperautomação deixarão de ser vantagens competitivas para se tornarem requisitos de sobrevivência.
Nesse novo cenário, a pressão por regulamentações cada vez mais dinâmicas – desde práticas ESG rigorosas e a Lei de IA da União Europeia até atualizações constantes na LGPD/GDPR e diretrizes de cibersegurança – deverá ser ainda maior. Como consequência, a capacidade de resposta das organizações será testada ao limite.
A grande revolução, contudo, não reside apenas na capacidade da Inteligência Artificial de ler e interpretar essas normas. A verdadeira virada de chave para 2026 está na capacidade da IA de ajudar a implementar esses padrões.
Do checklist à continuidade
A conformidade costumava ser gerida por ciclos: auditorias anuais, revisões periódicas e “checklists” estáticos. Em 2026, esse modelo será obsoleto. Uma das grandes tendências de conformidade para o futuro aponta que a conformidade será contínua, em tempo real e integrada ao tecido operacional da empresa.
O custo de não conformidades nunca foi tão alto, e não estamos falando apenas de multas financeiras. A reputação e a confiança do mercado tornaram-se ativos voláteis. Portanto, a governança de riscos em IA é mais uma preocupação para o próximo ano, refletindo um ambiente onde a tecnologia não é apenas a ferramenta, mas também o objeto da regulação.
Por isso, o método tradicional, onde um oficial de compliance lê uma nova diretriz, desenha manualmente um fluxograma, submete-o para aprovação, aguarda o desenvolvimento pela TI e só então o implementa, será muito lento (e caro) para o ritmo de 2026. As empresas precisam de agilidade para traduzir “o que deve ser feito” em “como será feito” instantaneamente. É aí que a IA atuará como a tecnologia que mudará esse cenário, fortalecendo a automação de processos.
Durante os primeiros anos da Inteligência Artificial Generativa, ela foi frequentemente usada como uma consultora: ela realiza resumos, análises de texto ou sugestões de e-mail. Agora a tecnologia evolui para um papel de construtora.
Em 2026, o setor de conformidade não precisará depender da fila de prioridades da TI para estruturar um novo fluxo de aprovação, por exemplo. Ele mesmo descreverá a necessidade para a IA, através de um chatbot, e o processo nascerá pronto, padronizado e executável. É a democratização da tecnologia em seu nível mais estratégico.
Os benefícios dessa revolução
Para gestores e líderes, essa transição não é apenas sobre tecnologia, mas sobre ROI (Retorno sobre Investimento) e mitigação de risco. A adoção de ferramentas que automatizam a criação de processos de compliance traz três pilares de valor inegáveis: agilidade na conformidade regulatória, eficiência operacional e padronização e redução de erros.
Para compreender essas vantagens na operação, é fundamental utilizar a ferramenta certa. Ou seja, não basta ter um sistema com recursos de IA, é preciso que eles sejam intuitivos e, mais que isso, conectados às atividades de conformidade regulatória.
A adequação às normas em 2026 não será sobre quem tem o maior departamento de compliance, mas sobre quem tem as melhores ferramentas para operacionalizar a conformidade com velocidade e precisão.
A era da criação automatizada de processos chegou para empoderar os especialistas de negócio, removendo as barreiras técnicas e permitindo que a estratégia flua sem impedimentos. Equipes precisam estar preparadas para esse novo paradigma caso queira sair na frente da concorrência.