A maioria das empresas brasileiras ainda enfrenta grandes desafios quando o assunto é o planejamento sucessório. De acordo com o estudo “O Estado do Planejamento Sucessório no Brasil”, conduzido pelo Evermonte Institute, 46,6% das organizações contam apenas com sucessores mapeados, mas não possuem um programa formal de sucessão estruturado.
Ainda segundo o levantamento, apenas 8,1% das empresas afirmam ter um plano formal implementado de forma consistente e acompanhado pelas principais lideranças. Outras 16,1% até possuem planos formais, mas com implementação parcial ou inconsistente. E o mais preocupante: 29,2% das empresas não contam com qualquer plano ou mapeamento sucessório.
Apesar disso, a percepção sobre a relevância do tema é elevada: 31,7% dos respondentes classificaram o planejamento sucessório como “muito importante” e 23% como “importante”. No entanto, essa valorização ainda não se traduz em uma prática consolidada.
“As empresas até reconhecem a importância do tema, mas esse entendimento não tem se transformado em ações estruturadas. Sem um plano formal, a sucessão acaba ocorrendo de maneira reativa, comprometendo o alinhamento com a estratégia de longo prazo”, afirma Guilherme Abdala, sócio cofundador da Evermonte.
Critérios de avaliação e lacunas no processo
Na identificação de potenciais sucessores, os principais critérios utilizados são o potencial de liderança (66,5%) e a avaliação de desempenho (62,1%). Em contrapartida, apenas 24,8% das empresas incluem feedback de pares e subordinados, característica fundamental em avaliações 360º, e 18,6% não utilizam nenhum dos critérios sugeridos.
Esse cenário pode limitar a visibilidade sobre competências-chave como influência, colaboração e gestão de equipes, resultando em pipelines de sucessão baseados predominantemente em histórico técnico, mas mais frágeis em habilidades de liderança.
Cultura e foco no curto prazo como principais entraves
Entre os obstáculos mais citados para o avanço do planejamento sucessório estão a cultura organizacional (34,2%), o foco no curto prazo (26,7%) e a falta de priorização (24,2%). Em muitas companhias, a sucessão ainda é vista como um tema sensível, cercado por disputas de poder e, por isso, frequentemente adiado. A ênfase em resultados imediatos acaba por relegar a construção de um plano de continuidade sustentável.
Sobre a pesquisa
“O Estado do Planejamento Sucessório no Brasil” é um estudo inédito desenvolvido pelo Evermonte Institute com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre a maturidade do planejamento sucessório nas empresas brasileiras. O estudo contou com a participação de 161 profissionais em posições de liderança – incluindo gerentes sêniores, diretores, C-Levels e membros de Conselho – com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Além de trazer um panorama detalhado sobre a realidade das organizações brasileiras, o material oferece análises consistentes sobre tendências de mercado, riscos associados à ausência de planos estruturados e oportunidades de fortalecimento da cultura organizacional, com o objetivo de apoiar empresas na construção de estratégias de sucessão mais eficazes e sustentáveis.