Por Isabel Baggio, presidente do Banco da Família
Os especialistas vão levar anos para conhecer com exatidão o impacto da pandemia do coronavírus sobre a economia brasileira.
Já se sabe, no entanto, que o necessário isolamento social impactou diretamente e de forma severa um número gigantesco de pessoas e, que entre os mais prejudicados estão os 45 milhões de brasileiros desbancarizados (dado de pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2019) e outros tantos autônomos e empreendedores de micro empresas formais ou informais.
Nesse contexto, as instituições de micro finanças ganham ainda mais importância, principalmente por estarem habituadas a trabalhar naquela que os especialistas chamam de base da pirâmide.
Mas, veja bem: para um profissional e uma empresa acostumados a atuarem junto a esse público, a base da pirâmide está longe de ser apenas um conceito sociológico.
Os integrantes do que alguns chamam simplesmente de classe D, de forma impessoal, têm rosto, história, são Joãos, Marias, Josés, têm nome e sobrenome e precisam de apoio.
Por isso é essencial olhar para essas pessoas e buscar formas de apoiá-las, o que exige ousadia e criatividade para oferecer condições para que muitos brasileiros sigam empreendendo.
Os recursos liberados de forma emergencial pelo Governo Federal são suficientes apenas para a subsistência.
Então há necessidade de ações complementares que mantenham o mercado minimamente aquecido.
Mas daqui a algum tempo, quando retomarmos certa normalidade, o apoio terá de ser ainda maior, já que os pequenos empresários são responsáveis pela geração de milhões de empregos e o sustento de incontáveis famílias.
A situação é ainda mais preocupante porque pesquisa recente do Sebrae mostra que a situação já era negativa para muitos empreendedores.
De um universo estimado de 17,2 milhões de pequenos negócios, mais de 73% afirmam que a situação financeira era razoável ou ruim já antes da crise.
A pandemia do coronavírus fez 58,9% dos empresários interromperem suas atividades.
A bem da verdade, parece mesmo impossível medir com exatidão o impacto do coronavírus na vida dos brasileiros.
Mas não podemos, de forma alguma, ficar paralisados. É preciso agir rápido e é nesse momento que o microcrédito pode fazer a diferença.
Com programas e incentivos que vão de empréstimos a juro zero até acesso facilitado ao crédito, essas instituições conhecem bem o público que está na base de pirâmide e podem identificar de forma mais rápida e precisa situações críticas, salvando milhares de micronegócios e protegendo a renda de inúmeras famílias.