Por Gilson Chequeto, CEO da Lincros
Desde que a pandemia causada pelo coronavírus chegou ao Brasil, milhares de pessoas perderam seus empregos. Aqui na Lincros, nós decidimos fazer de tudo para evitar que isso aconteça.
Nossa prioridade é manter todo o nosso time, afinal, as pessoas são nosso maior valor e nosso melhor legado.
São elas que transformam tecnologia em soluções eficientes, mesmo com tudo o que vem acontecendo.
É difícil imaginar o que enfrenta uma família que, da noite para o dia, se viu desamparada em uma situação tão complexa quanto essa.
Também creio que tomar a decisão de desligar parte da equipe que faz o seu negócio acontecer seja uma das mais difíceis que um líder tenha que tomar.
À frente de uma empresa de tecnologia, também me vi diante de decisões cruciais neste momento.
Mesmo que a logística, segmento para o qual desenvolvemos soluções de gestão, não tenha parado por completo, é inegável que também sofremos o impacto de uma economia estagnada.
Os últimos dois meses foram extremamente complexos e demandaram diversas ações para manutenção da operação.
Em todo este contexto, no entanto, nos propomos a duas questões que consideramos cruciais: manter a operação logística de nossos clientes, atuando em melhorias e reforço das soluções que ofertamos e garantir não só a segurança das pessoas que trabalham em nossa empresa, mas também ajustar o que for necessário para que demissões sejam a última coisa que tenhamos que fazer.
Essa decisão é baseada não em emoções, mesmo que seja impactante qualquer ação que envolva o futuro das pessoas, mas na racionalidade.
Primeiramente, porque acreditamos que a transformação logística será ainda mais fundamental neste momento, e que apenas soluções de ponta garantirão a melhoria das operações de transporte no país, a fim de minimizar custos e impactos em toda a cadeia de distribuição.
E segundo porque mantemos o otimismo quanto à retomada econômica em que um time qualificado fará a diferença para que uma empresa desponte quando esse momento chegar.
Avaliar o cenário dessa forma foi apenas o primeiro passo para “organizar a casa” e enfrentar os desafios deste período incerto.
E foi também com racionalidade que criamos um plano de ação muito claro e que já entrou em execução.
Após a análise de mercado, projeção de vendas e posicionamento do setor logístico na crise, partimos para uma reestruturação temporária, que incluiu:
– Manutenção do relacionamento com investidores
– Redução significativa de investimentos em marketing (com a suspensão da realização e presença em eventos do setor, por exemplo)
– Foco em atividades estratégicas para o período, como o desenvolvimento de treinamentos e materiais técnicos sobre as nossas soluções
– Renegociação com a cadeia de fornecedores e instituições financeiras, que resultou em redução de custos e maiores prazos de pagamento
– Fortalecimento do relacionamento com o portfólio de clientes, visando o incremento de contratos já estabelecidos, através de adoção de novas soluções
– Redução do salário da diretoria
Com estas ações conseguimos nos adequar ao momento que vivemos e manter o compromisso de gerar tecnologia de ponta a ponta para o segmento logístico e emprego e renda para a comunidade em que estamos inseridos.
Talvez optar pelo desligamento de profissionais já nas primeiras semanas de crise fosse o caminho mais fácil para a redução de perdas do negócio. Mas o impacto dessa decisão vai além da nossa própria situação financeira.
Quando as pessoas perdem a renda, deixam de consumir, reduzem a circulação de bens e serviços e, consequentemente, temos uma crise ainda mais longa.
Abrir mão de algumas questões neste momento fará com que o cenário negativo seja superado mais rápido.
E enquanto gestor, tomar a decisão de não realizar cortes neste momento e enquanto houver qualquer outra possibilidade é reafirmar o compromisso que a empresa tem não só com seus fundadores, mas com todos que de alguma forma são impactos por ela.
Isso inclui quem, todos os dias, dedica seu tempo, conhecimento e energia para fazer os negócios acontecerem.