Uma pesquisa feita pelo Banco da Família, instituição de microfinanças com sede em Lages, identificou que a pandemia do coronavírus impactou diretamente os negócios informais, reduzindo boa parte das receitas e levando muitos a adaptarem seus negócios ou até a mudarem de ramo.
A pesquisa ouviu 220 entrevistados em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Paraná, sendo 97% com atuação no mercado informal.
Ao menos 67,6% tiveram perdas significativas de receita. Do percentual de entrevistados que precisou fazer mudanças no negócio, 20% incluíram novos serviços nos seus portfólios. Outros 12% relataram terem perdido a fonte principal de receita. Os demais migraram para outras atividades.
A pesquisa também aponta que 70,5% tiveram problemas para manter as contas em dia e que 64,8% não receberam qualquer ajuda do governo.
De acordo com a presidente do Banco da Família, Isabel Baggio, a pesquisa ajuda a instituição a definir estratégias de atuação:
“Tivemos um período muito difícil, principalmente em abril, quando a pandemia trouxe grande retração e incertezas. Mas buscamos nos adaptar e permanecer ao lado dos clientes, oferecendo soluções como a renegociação de débitos. A tecnologia foi uma grande aliada da instituição, porque o trabalho remoto foi essencial para manter a proximidade com os clientes e a atender as demandas urgentes que tivemos nos últimos meses”.
No estilo “porta a porta”, os agentes de crédito da instituição são normalmente recrutados nas próprias comunidades, geralmente com alguma liderança comunitária, e não é incomum que o profissional se torne alguém bastante próximo do núcleo familiar dos clientes.
“Quando a pandemia veio, não ficamos parados para entender se a inadimplência iria crescer. Em vez disso, procuramos os clientes para antecipar eventuais dificuldades e criamos um comitê de crise, agora transformado em comitê de retomada, responsável por encontrar as melhores alternativas”, destaca a empresária.