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Startups de SC participam de pesquisa sobre impacto das queimadas no Pantanal

Foto: Sema/MT

Um consórcio multisetorial fará levantamento inédito no Pantanal para identificar espécies de animais e da vegetação afetadas pela queimada histórica ocorrida no ano passado na região.

O grupo, formado por pesquisadores de universidades, empresas e terceiro setor, todos voluntários, se uniu para viabilizar a coleta de amostras de solo e água, que terão seu DNA sequenciado pelas startups de biotecnologia Neoprospecta e BiomeHub.

O método é mais preciso para mensurar o impacto nas áreas devastadas, em relação ao que é mais comumente usado, a observação.

Os incêndios destruíram 30% da área, o equivalente a 30 vezes o tamanho da cidade de São Paulo ou uma área maior que a Dinamarca.

Muitas espécies foram fortemente afetadas e algumas populações podem ter sido perdidas.

“Com os resultados desses modelos teremos uma excelente estimativa de quais espécies da biodiversidade local foram mais afetadas e será possível desenhar ações de conservação mais específicas e avaliar a possibilidade de repovoamento nessas áreas”, destaca o biólogo e especialista em biologia celular e molecular Alberto Dávila, idealizador do projeto.

Ele explica que serão coletadas amostras do solo e da água das regiões norte e sul do Pantanal, tanto das áreas queimadas quanto da que permaneceu intacta.

Dessa forma, explica o especialista, que é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) há 18 anos e tem o Pantanal como seu objeto de estudo desde 1994, será possível, em laboratório, identificar espécies de animais e vegetação que existem nas áreas intactas e comparar com o que foi encontrado nas áreas queimadas, obtendo um saldo das perdas causadas pelo fogo.

Além disso, complementa o CEO da Neoprospecta, Luiz Fernando Valter de Oliveira, o sequenciamento do DNA dessas amostras permitirá identificar também bactérias e fungos presentes no solo e água, que são tão relevantes para o ecossistema quanto animais e plantas:

“O ineditismo do projeto está no fato de usarmos a tecnologia de DNA em uma escala nunca antes realizada. Assim, teremos uma ideia mais clara sobre a real biodiversidade, não só de tudo o que é observado e capturado, mas também do que nunca ninguém viu e poderíamos perder sem conhecer”.

O recolhimento das amostras iniciaram mês passado e se estenderão por um ano.

O sequenciamento genético será realizada ao longo de todo o período e os resultados parciais serão informados à sociedade periodicamente, por meio da página na internet do projeto.

Como será feita a identificação das espécies impactadas

  1. Pequenas amostras da fauna e flora previamente identificados são coletadas;
  1. Amostras de água e solo de áreas queimadas e não-queimadas são coletadas;
  1. O DNA dessas amostras é extraído e alguns genes sequenciados;
  1. As sequências geradas analisadas permitem identificar a qual a espécie corresponde esse DNA;
  1. Esse método permite obter evidências sobre o percurso de animais em determinadas áreas sem a necessidade de observá-los de perto;
  1. As marcas e pistas que deixam no ambiente (excreções, pelos, escamas, pele, etc) carregam seu DNA e, com esses métodos e tecnologias, é possível  determinar “quem passou por ali”.

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