Há alguns dias o governador João Doria regulamentou, por meio de decreto publicado no Diário Oficial, a instituição dos Distritos Turísticos no Estado de São Paulo.
O texto detalha as condições para que uma região se submeta ao processo de avaliação e se candidate ao posto de Distrito Turístico.
Para isso, é necessário comprovar fluxo turístico e potencial de expansão, atestar atributos naturais, relevância histórica, presença de complexos de lazer, de parques temáticos ou orlas marítimas.
Para você ter uma ideia, os Estados Unidos têm 135 distritos turísticos, sendo o mais famoso a Disney, o México tem 6, o mais conhecido é Cancún.
Na verdade, com mais esse avanço, o Governo de São Paulo assumiu como política pública o desafio de apostar no desenvolvimento turístico como motor da economia. E, sinceramente, não vejo como o nosso estado não fazer o mesmo, já que o turismo é uma dimensão econômica que tem potencial tão relevante em Santa Catarina quanto o próprio agronegócio, hoje responsável por 70% das nossas exportações.
Lembrando ainda que o turismo é ‘casado’ com a tecnologia e, esses dois juntos, podem gerar muito mais empregos e renda do que qualquer outro segmento da economia.
Mas, o que são Distritos Turísticos? De uma forma bastante simples, são áreas de fomento ao setor, com alto impacto na oferta de postos de trabalho e no fluxo de turistas.
Ao se tornarem distritos turísticos, os municípios ou regiões terão condições especiais para atrair investimentos privados âncora, fomentar o empreendedorismo e potencializar a vocação turística da região. Os distritos podem ter área menor do que um município ou avançar por regiões vizinhas.
Assim, também há alguns dias, fui com o governador João Doria a Olímpia, Noroeste do Estado de São Paulo, para um evento que oficializou a cidade como o primeiro Distrito Turístico paulista.
Ao mesmo tempo, foi inaugurado o maior resort multipropriedade do Brasil, o Solar das Águas Park, investimento de R$ 435 milhões, com mil apartamentos, o maior em número de leitos do país, e capacidade para 6 mil pessoas.
Desta forma, Olímpia se consolida como a segunda maior rede hoteleira do estado, atrás apenas da capital.
Aliás, Olímpia merece uma reflexão por parte de nós, catarinenses. Uma cidade que até a metade do século passado viveu o auge do ciclo do café e que depois entrou em decadência econômica com o fim dos tempos áureos da cafeicultura.
Durante muitos anos Olímpia permaneceu estagnada, até que neste século começaram os investimentos turísticos, com os parques de águas. Em 2014, o município foi transformado por projeto de lei da Assembleia de São Paulo em Estância Turística e passou a receber os benefícios e recursos do Dadetur, de apoio ao desenvolvimento dessas estâncias, programa que hoje administro na Secretaria que dirijo e que em plena pandemia investiu R$ 350 milhões em 180 municípios.
Hoje Olímpia tem o turismo e serviços como o carro chefe da sua economia, com 65,5% do seu PIB. O turismo substituiu com folga o “ouro verde” do café.
Fazendo essa referência a Olímpia, acredito que você que está lendo este artigo deve estar imaginando o quanto seria bom se a sua cidade ou região se transformasse num Distrito Turístico.
Como já disse aqui nesta minha coluna diversas vezes, o turismo, junto com a tecnologia, é o nosso destino.
Infelizmente, essas duas dimensões econômicas ainda recebem um tratamento de segunda categoria no que se refere a políticas públicas, não temos sequer uma Secretaria de Turismo em Santa Catarina.
Tenho a convicção de que logo isso vai mudar. Não é possível que um dos mais belos e desejados destinos do planeta, como Santa Catarina é, não desenvolva todo esse potencial para o futuro daquele que é o seu maior patrimônio: o povo catarinense.