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Ninguém precisa ser invencível! É hora de pensar na sua saúde mental

Foto: divulgação.

Faça um teste rápido. Quantas vezes você termina o dia exausto e tem a sensação de que não conseguiu fazer tudo o que precisava? Ou, se tem a sorte de não fazer parte desse grupo, quantas vezes ouviu isso de amigos e familiares?

Segundo uma pesquisa feita pela plataforma Capterra, 7 em cada 10 pessoas tiveram algum sintoma de Burnout desde que começaram a trabalhar em home office.

Outro estudo, do Instituto Ipsos, mostra que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou no último ano.

O fato é que as pessoas estão adoecendo pelo excesso de trabalho e pressão, e é essencial agirmos antes para que isso não aconteça também com a gente.

O primeiro passo é ter em mente que já não é mais possível separar o pessoal do profissional. Somos uma pessoa, com emoções e outras tantas coisas pra resolver, e levamos isso para o trabalho.

Aquele discurso que ouvíamos há alguns anos de que deveríamos pensar na nossa vida em duas esferas não faz mais sentido.

Não há mais espaço para colocar a capa de herói e heroína no trabalho e só tirar ao “chegar em casa”. Para aí, sim, ser você mesmo, com fragilidades e emoções. 

Por isso tem sido tão importante as empresas olharem seus funcionários de maneira integral e empática. Já vejo movimentos neste sentido, com companhias colocando a saúde mental e física no mesmo patamar, mas ainda há muito a ser feito.

O que acontece, muitas vezes, segundo Anderson Sant’Anna, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da FGV, é que o discurso da liderança acaba, algumas vezes, exagerando no argumento de que é preciso aguentar tudo:

“Muitos acham que por meio de incentivos como ‘você é forte’ ou ‘você dá conta’, podem motivar o profissional. Mas, em determinados momentos isso surte o efeito contrário e causa doenças como o burnout, por exemplo”, em uma entrevista que fiz com ele para a Você RH.

Nesse sentido, precisamos entender que, em alguns dias ou momentos, não vamos performar no trabalho como queremos, ou estamos acostumados. Faz parte!

A executiva de RH da Pernod Ricard, Ana Paula Gonçalves, falou no primeiro episódio da segunda temporada do Happy Hour Com Elas, podcast que apresento, algo bem interessante: que devemos praticar a autocompaixão.

Saber que temos as nossas fragilidades e fortalezas e pensar que nem todo dia vamos mandar bem. Vez ou outra algum prato vai cair. E está tudo bem.

Veja, a seguir, quatro dicas para conseguir ser produtivo, mas sem esquecer da sua saúde mental:

FAÇA PAUSAS

Há dois tipos de pausas, macro e micro, como explica Bianca Vilela, especialista em saúde no trabalho e autora de Respire, sua jornada diária para alcançar a máxima performance.

“Quando estávamos no escritório, a pausa macro, aquela de 60 minutos para almoço, era mais respeitada. Muitas vezes, até passávamos um pouco de uma hora e era um momento que conseguíamos relaxar”, destaca.

Mas, no home office, isso ficou mais difícil e muitas pessoas passaram a comer rapidamente, sem pausa para se restabelecer.

Já as micro pausas, aqueles minutinhos que paramos entre uma atividade e outra, também devem ser respeitados para que nosso corpo não adoeça.

“Tem gente que começa a trabalhar às oito e só se levanta da cadeira ao meio-dia. Isso é muito prejudicial para a saúde”, complementa.

Ela recomenda duas micro pausas de 10 minutos pela manhã e duas à tarde. Nesses períodos, é essencial levantar e se movimentar um pouco.

Bianca sugere dois exercícios: fazer 15 rotações de ombro para trás para realinhar a postura e, em pé, flexionar o tronco para frente, com pescoço e cabeça relaxados, para melhorar a mobilidade da coluna lombar. Você pode, também, tomar um café, ficar com seu bichinho de estimação, sentar ao ar livre ou caminhar.

PRESTE ATENÇÃO NA SUA ALIMENTAÇÃO

A alimentação tem tudo a ver com nossa qualidade de vida. Quando comemos, logo pela manhã um bolo de cenoura, por exemplo, isso interfere diretamente na disposição para trabalhar, segundo Bianca.

Em contrapartida, pode levar mais tempo para finalizar uma atividade, exigindo muito mais de seu cérebro e fazendo você ficar mais horas trabalhando.

Mas ela ressalta que é crucial prestar atenção nas quantidades do que se come, pois tudo em excesso pode ser prejudicial. Em seu livro, ela sugere pensar num dia de cada vez:

“Já no café da manhã, pergunte-se: gosto de suco de laranja e misto quente? Ok. Opte por um suco o mais fresco possível, pão sem muita gordura, um queijo menos oleoso, presunto sem capa e tomatinho. E, aos poucos, vai experimentando novos alimentos, como um chá ou um ovo para acompanhar o pão”, diz.

E não deixe de tomar água. A falta de água pode interferir nas emoções, levando a quadros de irritabilidade, humor depressivo e apatia.

DURMA BEM

Muitas pessoas não têm ideia do quanto o sono é reparador e ajuda no bem-estar emocional. O ideal, para não ter aquela sensação de cansaço ao acordar, é evitar comidas pesadas à noite, fugir das redes sociais antes de dormir e, se possível, deitar antes das 23h.

“Das 23h às 4h produzimos o hormônio do crescimento, que é fundamental para reparar o organismo para o dia seguinte”, explica.

PLANEJE-SE E ESTABELEÇA METAS VIÁVEIS

Não adianta fazer uma lista enorme de atividades se você não tem braços para cumpri-la. Isso só vai gerar estresse e insatisfação.

Tente planejar seu trabalho um dia antes e estabeleça metas viáveis de atender. É importante que nessa lista estejam as questões profissionais e pessoais, com ordem de prioridade.

Outro ponto importante, é saber dizer não quando alguém solicitar algo que você não pode ou não consegue resolver no prazo estipulado.

“Seja a sua prioridade e saiba dizer não. É possível fazer isso sem que o outro se sinta machucado. O importante quando pensamos em prioridade é sair do piloto-automático. Muitas vezes, deixamos nossa vida e saúde de lado simplesmente por não pensar nisso”, afirma Bianca.

Ela ainda traz outro ponto importante: “devemos lembrar que nossa produtividade é maior de manhã e até às 16h. Desta forma, é muito melhor deixar as atividades mais complexas para o período da manhã e começo da tarde. E ao final do dia, o que é menos desafiador e estressante”.

E não se esqueça: respeite seus limites. Não somos, nem devemos ser, invencíveis! 

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Jornalista e apresentadora do podcast Happy Hour Com Elas

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