Há muito tempo venho dizendo, de forma recorrente, que Santa Catarina precisa ter um novo “Plano de Vida”, que contemple um planejamento regionalizado e que seja o resultado da consulta a cada uma das nossas regiões.
Este plano tem que priorizar políticas públicas permanentes e sólidas em todas as áreas de atuação do governo , especialmente na educação, saúde, segurança, infraestrutura e turismo, de forma que ultrapasse o mandato do próximo governador e tenha continuidade, com os devidos ajustes, nos próximos governos, independentemente dos partidos que assumam o poder.
Há alguns dias, essa falta de políticas públicas permanentes para o nosso estado foi notícia nos jornais do país.
A imprensa registrou o caso do agronegócio e a estiagem que castiga ano a ano o Oeste e outras regiões produtoras, assim como o da educação, que aliás foi o tema de artigos recentes, em que apontei exatamente a ausência de políticas públicas e planejamento condizente com os tempos digitais no nosso setor educacional.
O caso do Oeste foi tema de debate na Assembleia Legislativa, com deputados de diferentes partidos pedindo a criação de políticas públicas permanentes para o enfrentamento dos efeitos adversos ocasionados por estiagens.
Dias depois, a chuva forte melhorou a situação, mas o problema continua a tirar o sono da agroindústria e dos agricultores familiares.
O tema foi levado à tribuna pelo deputado Padre Pedro Baldissera, que fez um relato dramático sobre a situação de pequenos produtores, como os do setor de leite, que estavam vendendo seus rebanhos por falta de milho e soja para a alimentação dos animais.
Assim como venho reafirmando aqui, o deputado pede por um novo modelo de agricultura, com novas estruturas, com novas ações, com novas políticas, para que o recurso de fato chegue lá na ponta, no agricultor que está enfrentando a estiagem.
O deputado Silvio Dreveck registrou situação semelhante no Planalto Norte. É sempre bom lembrar que o agronegócio representa cerca de 70% das exportações do estado, ou seja, a falta de uma política pública para esse setor prejudica a economia e a vida de todos os catarinenses.
No caso da educação, o resultado dessa ausência de planejamento de longo prazo e de políticas pública causa resultados também desastrosos.
Pode parecer absurdo, mas Santa Catarina tem a segunda pior taxa de aprovação entre os alunos do ensino médio no país.
É o que aponta a primeira etapa do Censo Escolar 2021, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A jornalista Luana Amorim analisou a base de dados nacional e comparou a situação do estado em relação às demais unidades federativas.
De acordo com a pesquisa, que leva em conta dados de 2020, o estado teve uma taxa de 86,4% de aprovação no ensino médio.
Se comparar com os outros estados, Santa Catarina fica atrás, apenas, do Acre, que tem uma taxa de aprovação de 86%.
Além disso, apesar do desempenho sofrível, a taxa de aprovação dedo estado é melhor que em 2019, quando era 82%.
Esse descalabro na educação catarinense, num estado que ocupa as primeiras posições em quase tudo no Brasil e referência internacional, é resultado direto da falta de um “Plano de Vida” com políticas públicas duradouras.
É o desafio para o próximo governador: conduzir Santa Catarina para um futuro seguro, próspero e à altura da pujança do estado que nossos antepassados sonharam e que temos a responsabilidade de continuar a construir.