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Piero Contezini fala sobre estratégia de crescimento, M&As, modelo híbrido e o que esperar da sua palestra no Startup Summit

Crédito da foto: Gus Benke.

Fundou uma das primeiras empresas brasileiras de consultoria da informação, é formado em gestão financeira e profissional autodidata em desenvolvimento de softwares. Após auxiliar na fundação de grandes startups como a Informant e a Conta Azul, criou com seu irmão, Diego Contezini, a fintech Asaas, da qual também hoje é executive chairman. Esse é um breve histórico de Piero Contezini, o sétimo entrevistado da série especial de um dos maiores eventos de inovação, tecnologia e empreendedorismo do Brasil, o Startup Summit, que acontece nos dias 4 e 5 de agosto, em Florianópolis.

Confira a entrevista exclusiva  ao Economia SC:

Para você, qual a importância do Startup Summit?

Piero: Ele coloca o estado de Santa Catarina no calendário de eventos relevantes para todo o mercado ligado à inovação e tecnologia, com uma pegada muito bem posicionada, tentando unir a iniciativa privada e pública em um evento com um conteúdo altamente selecionado para apoiar o empreendedorismo de empresas de tecnologia de todos os estágios.

O que podemos esperar da sua palestra no evento?

Piero: Vou tentar ajudar empresas que estejam na fase de growth a entender quais as alavancas de crescimento que usamos para manter nossa taxa média de crescimento acima de 100% ao ano nos últimos 7 anos de negócio. Usando técnicas de PLG, growth hacking, data science e muita automação, conseguimos adquirir dezenas de milhares de clientes todo mês sem depender de um processo de vendas ativo, o que nos torna um raro exemplo de uma máquina de vendas realmente inovadora.

Considerada umas das top 10 fintechs de meios de pagamento do Brasil pela plataforma de inovação Distrito, qual foi o insight para criar o Asaas e quais os principais diferenciais da empresa?

Piero: Nós criamos o Asaas a partir de um problema próprio. Na nossa empresa anterior, lançamos um software que tinha como modelo de negócios a cobrança por assinaturas, e não conseguimos encontrar no mercado, lá em 2010, uma tecnologia para automatizar os recebimentos dos clientes. Assim criamos o Asaas. Em 2014, quando vendemos a empresa anterior para focar exclusivamente no negócio, encontramos um mercado muito maior, o de pequenos negócios, não atendido por bancos e fintechs para automatizar os processos de recebimento de dinheiro. Nosso principal diferencial está em diminuir o esforço que o empreendedor leva para receber dinheiro através da automação dos processos de cobrança. Criamos uma régua de comunicação multicanal inteligente, que se adapta ao padrão de comportamento do nosso cliente e do cliente dele para diminuir a chance de inadimplência, além de prover a ele uma forma de receber seus pagamentos através de todos os meios de pagamento digitais disponíveis atualmente: PIX, boleto, cartão de crédito/débito, depósitos e transferências. Além disso, possibilitamos que ele use nossa conta de pagamento digital para fazer pagamentos, antecipar recebíveis, consultar o credit score dos seus clientes, negativar devedores, entre outros 30 produtos que nossa plataforma oferece num modelo completamente transacional, pagando somente pelo uso.

A meta traçada pelo Asaas este ano foi de alcançar mais de 1 milhão de contas digitais criadas por pessoas jurídicas e dobrar o faturamento em relação ao ano anterior. Quais estratégias e ações foram adotadas?

Piero: As principais ações tiveram como base a integração das nossas recentes aquisições (Base ERP e Code Money) e a nossa recém obtida licença como a 31ª instituição de pagamento do Brasil, esses três fatores nos deram um diferencial competitivo para ganhar escala e acelerar ainda mais nosso crescimento em quantidade de usuários, receita e margem. Nós não divulgamos os resultados da empresa em termos de receita, mas o que posso dizer é que estamos em linha com nossos objetivos do ano de aumentar em 130% nossa receita anual. Já estamos cruzando as 730 mil contas criadas e mais de 130 mil clientes ativos mensalmente.

Recentemente, a empresa anunciou um novo CEO. Quais os próximos passos da empresa a partir dessa mudança?

Piero: Eu e o Diego sempre trabalhamos em par. Nos últimos 7 anos eu fui o CEO e ele o vice-presidente. Como nossa organização tomou um porte relevante, hoje passamos de 500 pessoas, precisamos reestruturar ela para que exista uma linha de comando muito clara para a organização, além de ter uma pessoa focada na estratégia de longo prazo enquanto outra cuida de executar o plano de negócios definido pelos gestores e aprovados em conselho. Por causa desses desafios, decidimos que eu assumiria o papel de executive chairman, sendo o presidente executivo da companhia, ou seja, o presidente do conselho que também mantém um papel executivo no dia-a-dia da organização, com o foco claro de delinear a estratégia do negócio de longo prazo, além de atender a demandas legais do negócio que, dado nosso mercado regulado, precisam ser atendidas pelo conselho de administração da companhia. Já o Diego ficou responsável por executar o plano aprovado pelo conselho de administração, além de acompanhar individualmente nossos sete C-levels para que possam nos levar até nossos objetivos. Com essa mudança, nossos próximos passos são acelerar nossa estratégia de crescimento orgânico com parcerias estratégicas de escala e inorgânico através de M&As.

No ano passado vocês passaram a adotar o modelo híbrido de trabalho e inauguraram uma nova sede em Joinville. Em meio a tantas polêmicas recentes sobre home office, a empresa adota um posicionamento flexível para os colaboradores. O que o modelo híbrido representa na prática? Quais são as vantagens e desvantagens?

Piero: Entendemos que, no final do dia, o que importa é que as pessoas na nossa organização tenham liberdade para trabalhar de onde quiserem, mas com responsabilidade para fazer suas entregas. Como nossa gestão é super focada em indicadores e temos uma cultura moldada em compartilhar com todos os colaboradores os objetivos do negócio e o que devemos fazer para chegar lá, há pouca relevância se estão trabalhando em nosso escritório ou não. Dos 500 colaboradores, apenas 300 são de Joinville, temos pessoas em quase todos os estados do Brasil, locais onde não faz nenhum sentido termos escritório. Inclusive temos colaboradores em outros países. No entanto, também entendemos que é necessário termos interações no mundo real, por isso nos esforçamos para ter uma sede em Joinville muito atrativa para quem quiser trabalhar em escritório, além de escritórios de apoio em capitais que temos maior quantia de colaboradores, como Florianópolis, São Paulo e Curitiba. Entendo que empresas que não tenham uma cultura muito enraizada e um processo claro de gestão, seja por indicadores ou por alinhamento constante, vão ver com o tempo uma queda considerável em produtividade dos seus colaboradores com a extensão indefinida do home-office. Nesse caso, não há outra alternativa senão a volta ao escritório, o que não é o nosso caso obviamente.

Acompanhe os principais conteúdos sobre o Startup Summit aqui.

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