Por Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do sistema Ailos.
O Copom manteve a taxa SELIC em 13,75%. Só esse ano a taxa Selic aumentou 12 vezes, criando um cenário desafiador para a sociedade como um todo.
Tudo indica que esse ciclo de alta deva acabar, a taxa será mantida por um tempo e deve iniciar um movimento de queda em meados de 2023. Mas o que isso significa de fato? Quais impactos nas vidas das pessoas e das famílias?
A SELIC é referência para diversas taxas no Brasil. É importante lembrar que ela é um instrumento da política monetária, definida pelo Banco Central, utilizada para conter a inflação.
Como tudo, o aumento da taxa traz consigo oportunidades e desafios. O lado bom é que os investimentos de renda fixa, como poupança, CDBs e Tesouro Direto, entre outros, passam a ser mais rentáveis.
As opções pré-fixadas devem ser bem analisadas e consideradas na hora de compor a carteira de investimentos, já que asseguram “previamente” uma taxa de rendimento maior.
O lado desafiador do aumento da taxa é que ela corrige empréstimos e financiamentos, por exemplo, e quando ficam muito altas, dificultam o consumo.
Mas essa é a ideia. Quando a SELIC é usada para forçar a baixa da inflação, existe um impacto sobre a economia, tentando esfriar o consumo, forçar as empresas a diminuir a produção e tentar escoar estoques, baixando preços, consequentemente.
As classes com menor renda, que estão na base da pirâmide, são as que mais sofrem com essas oscilações. Elas têm pouca resiliência financeira, ou seja, têm menos dinheiro para emergências.
Assim é mais difícil manter o padrão de vida ou continuar comprando. Por isso, educação financeira é tão importante. Entender que reservas são fundamentais e saber construí-las pode fazer a diferença em momentos de economia conturbada.
Empreender também fica mais caro e, portanto, mais difícil. A alta da SELIC tende a diminuir o apetite de quem pensa em abrir um negócio, porque com as taxas altas os financiamentos ficam mais caros. Os pequenos e médios empresários.
Para todas essas situações o grande segredo da boa saúde financeira é começar por um planejamento estruturado e constante, além de manter a calma diante das adversidades.
Controlar emoções e viver de acordo com sua realidade, evitando exageros e compensações emocionais no consumo, fazem a diferença. Pensar bem antes de comprar e aproveitar as taxas de juros a seu favor, adiando aquelas compras não tão urgentes e investindo o seu dinheiro de maneira adequada, além de ficar de olho nas movimentações da economia e guardar dinheiro para emergências podem ajudar na resistência às crises.
Não é fácil, mas dá para começar. Quanto antes, melhor.