Em 2001, a banda brasileira de rock Titãs lançava seu décimo primeiro disco chamado A Melhor Banda de Todos os Tempos. Entre os singles lançados, havia um que me chamou a atenção e não poderia ser mais cotidiano para os dias atuais.
Esse single, que leva o título do próprio disco, representa uma crítica para o jeito de produção musical tão incentivado pela indústria que forçava “goela abaixo” o consumo de sucessos que mal duravam uma semana. Esse esforço para o consumo, na visão da banda, gerava uma superficialidade exigindo que artistas produzissem um novo hit do próximo verão com cada vez mais velocidade.
A letra representou uma boa crítica ao modelo da época que, inclusive, a própria banda reconhecia fazer parte. E convenhamos, esse modelo dura até hoje.
Se eu pudesse fazer um paralelo com o mundo corporativo, o LinkedIn seria uma grande gravadora, detentora de um grande conjunto de regras e premissas relacionais que pressionam pessoas e empresas a produzirem conteúdos diariamente para a sua sustentação em troca de um reconhecimento perecível e altamente sedutor.
Muitas vezes, tais conteúdos são tão simplicistas e superficiais que mais servem para cumprir uma tabela do que o compromisso com a qualidade em si.
No mundo LinkedIano atual, cada post pode ser uma nova letra de música produzida para ganhar mais engajamento; as empresas seriam as bandas na busca pela sua melhor posição na busca pela atenção das pessoas; e os usuários, seriam os fãs sobrecarregados de informações e estímulos tentando sobreviver a uma nova grande novidade que já não valerá na próxima semana.
É como se fosse uma grande máquina de caça-niqueis em Las Vegas. Uma vez que você hitar com o seu último post, você logo puxará a alavanca da máquina mais uma vez para alcançar a próxima imprevisível recompensa.
No livro Minimalismo Digital, do autor Cal Newport, ele explica todos os aspectos que estimulam o uso das redes sociais como instrumento incessante de status e atenção.
A relação de produção e consumo de novos conteúdos representam o sangue que corre nas veias de uma sociedade cada vez mais ansiosa por atenção. Somos, ao mesmo tempo, a vítima e o opressor quando tratamos das redes sociais.
Nessa Sociedade do Cansaço em que vivemos, não há ninguém nos cobrando para que publicamos algo novo todos os dias mas, ao mesmo tempo, há uma necessidade invisível e diária de atenção nos exigindo a produção de um novo próximo post.
E como já dizia a música dos Titãs:
Não importa a contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada a que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então
Aumento o volume não! Curta esse post, comente o que você acha sobre isso e acompanhe nossos conteúdos. Até o próximo melhor post de todos os tempo.