Por Renata Gonzaga, analista de empreendedorismo inovador na Fundação CERTI.
A equidade entre os gêneros, que busca combater as diferentes formas de injustiça e desigualdade, é um tema cada vez mais explorado no meio empresarial, especialmente quando pensamos no empreendedorismo. Sem dúvidas, essa representatividade feminina em um ambiente predominantemente dominado por homens é uma força essencial para a economia global, de modo que empreendedoras ajudam a desempenhar um papel significativo no desenvolvimento econômico, inovação e criação de empregos.
De acordo com dados levantados pelo IBGE, entre abril e junho de 2023, o Brasil conta com 9,9 milhões de mulheres à frente de seus negócios. No entanto, esses números representam apenas 33,7% dos empreendedores totais no país. Quando avaliamos o segmento de tecnologia, a representatividade feminina se torna ainda menor, já que, segundo um estudo do Instituto Rede Mulher Empreendedora, conduzido com cerca de 3.500 empreendedoras, apenas 2% delas possuíam negócios no setor de tecnologia em 2023.
Diante desse contexto, é possível observar que, apesar desses avanços, as mulheres ainda enfrentam uma série de desafios e obstáculos, que envolve desde a falta de oportunidades, diversidade nos negócios, acesso limitado a financiamento, estereótipos de gênero, desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal, falta de redes de apoio e mentoria, entre tantos outros gargalos.
Empreendedorismo no universo das startups
Mesmo que apenas 12% das startups contem com mulheres na posição de CEO, conforme apontado pela Darwin Startups, em um estudo que analisou 100 empreendimentos, o empreendedorismo feminino nesse universo vem crescendo. Entre as principais características de mulheres empreendedoras, sua habilidade de inovação e criatividade se destaca, visto que muitas vezes elas trazem uma perspectiva única para o desenvolvimento de startups, utilizando suas experiências de vida, habilidades e pontos de vista diversificados, que resultam em soluções inovadoras para desafios complexos.
Além disso, analisando a missão e propósito do negócio, startups fundadas por mulheres têm uma forte ênfase em questões de colaboração e construção da comunidade. Nesse sentido, elas buscam criar negócios que não apenas geram lucro, mas que impactam positivamente a sociedade e o meio ambiente. Elas se envolvem em redes de apoio e comunidades de empreendedorismo feminino, onde podem compartilhar conhecimentos, experiências e recursos.
Liderança feminina
Adotar um estilo de liderança colaborativo e inclusivo é uma das principais características das empreendedoras, onde elas buscam construir equipes diversificadas e promover um ambiente de trabalho positivo e inclusivo em suas startups. Essa estratégia impulsiona não apenas a gestão do negócio, mas a inovação, inclusão e o progresso econômico em toda a sociedade.
Apesar disso, as mulheres ainda enfrentam desafios ao acessar financiamento para seus empreendimentos. De acordo com o relatório anual “Female Founders Report Forum”, atualizado em 2023, as startups lideradas por mulheres ainda representam 10% do total de negócios acordados, contra 75% daquelas lideradas por homens. Essa desigualdade é um reflexo do preconceito e estereótipos de gênero por parte dos investidores.
Programas de incentivo ao empreendedorismo feminino
Por fim, é importante destacar que, mesmo diante dos desafios, diversas frentes de incentivo ao empreendedorismo feminino estão sendo desenvolvidas. Os programas de mentoria específicos para mulheres, por exemplo, se tornam cada vez mais comuns, oferecendo orientação, capacitação e networking para ajudá-las a enfrentar as adversidades no mundo das startups.
Assim, apoiar e capacitar mulheres empreendedoras é uma forma de criar um ecossistema propício à inclusão e diversidade, além de impulsionar a inovação, criatividade e o crescimento econômico de toda a sociedade.