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CVM adia novamente assembleia que decidirá fusão entre BRF e Marfrig

Foto: divulgação/BRF

Por Felipe Bernardi Capistrano Diniz

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu adiar, mais uma vez, a assembleia de acionistas que analisaria a proposta de fusão entre a BRF S.A. e a Marfrig Global Foods. O novo adiamento ocorre em meio a questionamentos apresentados por investidores minoritários e ressalta a crescente atenção da autarquia quanto à governança e à transparência em operações de grande impacto no mercado de capitais.

A operação em análise visa criar a MBRF Global Foods Company, uma gigante do setor de proteína animal com atuação diversificada em mercados globais. A fusão tem sido promovida pelas duas empresas como estratégica, permitindo ganhos de escala, sinergias operacionais e maior competitividade internacional. No entanto, a complexidade da transação e a concentração de poder de voto nas mãos de um mesmo grupo controlador têm gerado resistências.

Segundo apurado, a CVM entende que o processo de convocação da assembleia não atendeu integralmente aos requisitos de informação e de equidade para os acionistas minoritários. Entre os pontos levantados estão a necessidade de esclarecimentos sobre avaliação de ativos, impactos financeiros e estrutura de governança da empresa resultante da fusão. O adiamento foi interpretado por analistas como uma medida de cautela regulatória.

Investidores minoritários têm expressado preocupações quanto à diluição de suas participações e à condução do processo decisório por acionistas ligados à Marfrig, que atualmente já detêm posição relevante no capital da BRF. A CVM, por sua vez, tem buscado assegurar que todos os acionistas recebam informações suficientes e tempestivas para exercer seus direitos de voto de maneira informada.

O adiamento da assembleia também reascende discussões sobre práticas de governança no mercado brasileiro, especialmente em operações que envolvem companhias de capital aberto com estruturas de controle concentrado. A atuação da CVM é vista como um teste importante da capacidade da autarquia de proteger os interesses dos investidores em um ambiente de alta complexidade societária.

Por ora, não há nova data definida para a realização da assembleia, e a CVM sinalizou que só autorizará a continuidade do processo após a conclusão da análise técnica dos documentos complementares. Isso pode provocar ajustes no cronograma inicialmente desenhado pelas empresas e reforça a imprevisibilidade em torno da consumação da fusão.

Enquanto isso, o mercado segue atento aos desdobramentos, com impacto direto sobre o valor das ações das companhias envolvidas. Analistas avaliam que, apesar dos atrasos, a tendência de consolidação no setor de alimentos e proteína animal deve continuar, mas dependerá, cada vez mais, da capacidade de articulação com órgãos reguladores e do respeito às boas práticas de governança corporativa.

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Investidor com extenso track record na indústria de investimentos alternativos e operações estruturadas. Venture Partner da FIR Capital.

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