Por Robson Cristovão, diretor comercial da Mouts TI.
A aprovação da Reforma Tributária no final de 2023 deu início a uma das transformações mais relevantes do ambiente de negócios no Brasil. A mudança afeta diretamente a forma como as empresas calculam, registram e reportam seus tributos e impõe uma nova realidade à área fiscal: o que antes era rotina agora exige adaptação, planejamento e tecnologia sob medida.
Com a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), além da introdução do Imposto Seletivo, às regras tributárias passam a seguir um modelo semelhante ao IVA (Imposto Sobre o Valor Acrescentado), adotado em diversos países. Na prática, isso significa que empresas precisarão rever cálculos, reformular relatórios, atualizar seus sistemas de emissão de notas e ajustar rotinas fiscais que há anos seguem os mesmos padrões.
Porém a adequação à nova realidade vai além do departamento contábil: ela começa na infraestrutura de TI. A Reforma Tributária não é só uma mudança de código fiscal, é uma mudança de mentalidade. As empresas precisam customizar seus sistemas para garantir que todas as etapas da cadeia tributária estejam atualizadas, do cálculo até o compliance.
A atualização tecnológica é o que permitirá às empresas garantir conformidade, segurança e agilidade. Cada negócio tem uma estrutura diferente, por isso, não existe uma solução pronta. É preciso personalizar o sistema de acordo com as operações de cada empresa, prevendo inclusive o que ainda será regulamentado nos próximos anos.
Entre os principais pontos de atenção estão:
- Adequação das rotinas de cálculo de impostos com base no novo modelo;
- Atualização de campos e regras nas notas fiscais e relatórios;
- Integração com sistemas de terceiros, como contabilidade e plataformas de gestão financeira;
- Garantia de conformidade com a LGPD, já que o compartilhamento de dados fiscais será ainda mais relevante;
- Flexibilidade para ajustes futuros, já que leis complementares e testes de transição ainda estão em fase de definição.
Mas afinal, o que fazer agora?
A recomendação é que as empresas iniciem o quanto antes um diagnóstico das áreas impactadas pela Reforma, com apoio de times de tecnologia, fiscal e jurídico. A partir disso, é possível desenvolver soluções sob medida, escaláveis e atualizáveis. Importante lembrar que a Reforma traz complexidade no curto prazo, mas pode significar ganhos de eficiência para quem se adianta.
Qual o risco de não agir?
Empresas que deixarem a adequação para última hora podem enfrentar desafios como inconsistência de dados, erros na apuração de tributos, problemas com órgãos fiscalizadores e até perda de competitividade e dinheiro.
Os empresários precisam ter em mente que a tecnologia deixou de ser suporte e passou a ser estratégia central. Estar em conformidade com a nova legislação fiscal será tão essencial quanto ter um bom produto ou serviço.