Antes de ser empresário, fui estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mais especificamente do curso de Engenharia Elétrica. Por isso, ao analisar os dados do Observatório DNA UFSC 2025, não falo apenas como representante de uma entidade do setor de tecnologia, mas também como parte dos alunos e egressos da universidade que estão à frente de negócios em todo o país.
Segundo o levantamento realizado pelo Departamento de Inovação da UFSC (Sinova), 107 mil empresas foram fundadas por pessoas que passaram pelas salas de aula da universidade, da década de 1960 até agora, resultado de um crescimento constante, acentuado principalmente nos últimos quatro anos. Não há um estado brasileiro em que não se encontre uma empresa com DNA UFSC , além de iniciativas implementadas no exterior. Deste total, a maior parte são microempresas, 35 mil, seguido por Microempreendedor Individual (MEI), 28 mil, e por empresas de médio e grande porte, 17 mil, e de pequeno porte, 8 mil.
O Observatório também identificou 66 mil empreendedores com passagem pela UFSC, chegando ao pico de mais de 80 novos empreendedores por ano. O estudo revela, ainda, uma distribuição próxima da paridade de gênero dentro deste total: 55% homens e 45% mulheres. Em relação à idade, a maioria está entre 26 e 35 anos (24 mil empreendedores), seguida pelas faixas de 36 a 45 anos (12,5 mil) e 18 a 25 anos (10,4 mil).
Outro ponto que merece atenção é a diversidade institucional entre os empreendedores. O ecossistema conta com 48,1 mil alunos e egressos dos cursos de graduação, 16,7 mil de pós-doutorado, 16,3 mil de doutorado e 11,2 mil de pós-graduação, além das outras faixas de ensino. Isso reforça que a cultura empreendedora não se restringe a uma etapa da formação, mas se espalha por diferentes perfis da comunidade acadêmica.
No recorte por centros de ensino, o Centro Tecnológico lidera, com 17,5 mil empreendedores, seguido pelo Centro de Ciências da Saúde (11,3 mil) e pelo Centro Socioeconômico (11,3 mil). Embora as atividades ligadas à tecnologia estejam fortemente representadas, com cerca de 17 mil empresas, a maior concentração de negócios está em atenção médica ambulatorial (32,8 mil empresas), seguido por comércio varejista de vestuário e acessórios (25,5 mil) e restaurantes e serviços de alimentação (19,1 mil).
Construindo pontes
Na ACATE, entendemos que a articulação entre academia e mercado deve ser uma prática cotidiana essencial. Nosso trabalho enquanto associação é fortalecer essas pontes, gerar conexões para que as tecnologias desenvolvidas dentro da universidade ganhem escala e também para que empresas tragam desafios reais que inspirem novas pesquisas e soluções. Quando esse elo é fortalecido, todos ganham. Ganham os estudantes, que veem aprendizados sendo colocados em prática. E ganha o mercado, que se renova com ideias.
No entanto, ainda há um grande caminho a percorrer. Muitos ativos de conhecimento gerados dentro das universidades, como pesquisas, tecnologias, metodologias, não chegam a se transformar em negócios ou produtos. Por isso, na ACATE, temos trabalhado para incentivar a inovação aberta, fomentar programas de aceleração e incubação em parceria com instituições de ensino e apoiar políticas públicas que promovam esse diálogo.
Como egresso da UFSC e hoje presidente da ACATE, reforço minha convicção de que investir no elo entre educação, ciência e empreendedorismo é investir em futuro. Seguimos trabalhando para que mais universidades sejam protagonistas da transformação, e para que mais estudantes e pesquisadores se sintam motivados e preparados a empreender.