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Da Alemanha, o exemplo de Merkel

Crédito da foto: Marco Cezar

Santa Catarina se transformou numa referência nacional e internacional por uma série de fatores. Mas, sem dúvida, o fator fundamental é o catarinense.

Não fosse a conduta, a capacidade de estudo e trabalho, a disciplina, a resiliência, a superação e, também, o caráter conservador dos nossos colonizadores/imigrantes, e provavelmente hoje não seriamos um estado ímpar, que desafia as crises e tragédias e segue crescendo. Um lugar que é a soma de povos e raças de várias partes do mundo. De portugueses a poloneses e gregos, de argentinos a japoneses, de irmãos que vieram do Paraná e do Rio Grande do Sul, mas a maioria oriunda da Europa, principalmente da Itália e da Alemanha.

E é lembrando da nossa colonização germânica que venho dividir com você, leitor do Economia SC, o editorial do jornal O Estado de S. Paulo, edição de 1º de fevereiro, intitulado ‘O legado de uma estadista – A era Merkel está no fim, mas o espírito de sua administração segue forte como nunca’.

No cerne do editorial, a constatação de que a chanceler Angela Merkel, que deixa o comando do estado alemão depois de 15 anos, estabeleceu o rumo e partiu para uma luta vitoriosa em busca da estabilidade, essa estabilidade que atualmente nós catarinenses almejamos também.

Uma frase que marca o início do editorial do Estadão é esta: “A era Merkel está no fim, mas o espírito de sua administração segue forte como nunca”. O jornal lembra que “desde que assumiram o comando em 2005, Merkel e o CDU [União Democrata Cristã, que governou o país por 50 dos últimos 70 anos] consolidaram a posição da Alemanha como a principal economia da Europa, com finanças públicas sólidas e baixas taxas de desemprego. O prestígio não foi conquistado em águas calmas. Ela enfrentou o colapso financeiro de 2008, a crise dos refugiados, o Brexit e agora a pandemia (…) e a cada provação ela emergiu mais forte”.

Outro ponto do editorial que destaco é a internacionalização da Alemanha, algo que Santa Catarina primou por construir ao longo de décadas, que se acelerou a partir de 2003 com os governos Luiz Henrique e que hoje se encontra estagnada, a não ser pelas ações da iniciativa privada.

O Estadão lembra que, na política externa, Merkel enfatizou a “necessidade de cooperação internacional, fortalecendo os laços com a UE e a Otan. Na crise da dívida europeia, arriscou o dinheiro alemão, mas manteve a estabilidade do euro. Merkel liderou a UE nas sanções à Rússia após a anexação da Ucrânia e na crise dos refugiados se posicionou firmemente, quase sozinha, em nome dos valores europeus, recebendo mais de 1 milhão de exilados”.

O jornal lembra também que ao fazer um perfil de Merkel, a revista The Economist delineou três marcas de sua gestão: ética, não ideológica; reativa, não programática; e desapegada, não engajada. Diz a revista: “Sua fé luterana (‘uma bússola interior’) se expressa em seu estilo discreto e seus instintos: a dívida é ruim; ajudar os necessitados é bom”. Para O Estadão, Merkel sempre mantém as opções abertas e evita polarizar os debates. “Sou um pouco liberal, um pouco social-cristã, um pouco conservadora”, definiu-se ela. 

O editorial do jornal paulista conclui que “com a saída de Merkel, as democracias liberais perderão uma protagonista decisiva no teatro global. Em tempos de ascensão do populismo, sua trajetória à frente de seu partido e de seu país são um exemplo de estabilidade, pragmatismo e decência”.

É com esse exemplo de gestão pública da senhora Merkel que encerro aqui esta coluna, escrita para servir de reflexão sobre o que vem acontecendo no nosso país e, especialmente, aqui na nossa terra. Mais do que nunca, é hora de construir um novo ‘plano de vida’ para Santa Catarina, um plano que busque crescimento com estabilidade e com a visão de um futuro de oportunidades iguais para nossos filhos e netos. 

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Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.

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