Localizado nos altos da Felipe Schmidt, centro da cidade, e tombado como patrimônio histórico de Florianópolis, o conjunto arquitetônico de mais de 4 mil metros quadrados, que abrigou por décadas a Fábrica de Bordados e Rendas Hoepcke, abre ao público na segunda-feira, dia 14 de novembro.
Desta vez, como um grande complexo gastronômico e de entretenimento, com bares, restaurantes, supermercado e espaço para eventos.
O Top Market, como foi batizado, é um espaço contemporâneo que carrega consigo quase 120 anos de história.
Serão mais de 21 operações entre cafés, restaurantes, sports bar, wine bar, supermercado e um espaço kids com brinquedos e monitores para atender crianças enquanto os pais aproveitam.
Foram quase 10 anos trabalhando no projeto, revela a arquiteta Lilian Mendonça, especialista em patrimônio cultural. Durante esse período, juntamente com seu sócio, o arquiteto suíço Peter Widmer, e colaboradores, foram feitos estudos minuciosos que serviram de base para o estabelecimento dos critérios de preservação cultural da fábrica.
“Não se trata de saudosismo, nem de congelar o passado ou o nosso tempo. O caminho que seguimos foi o de receber um acervo cultural edificado e propor a conversão do seu espaço para abrigar novos usos, de acordo com as demandas dos dias atuais. A herança cultural é dinâmica. É possível que as gerações futuras façam também uma nova reinterpretação”, destaca.
Foram preservadas as fachadas, suas aberturas e coberturas com grandes telhados cerâmicos, bem como forros e a estrutura de madeira, de grandes proporções.
Juntamente com o levantamento do conjunto de edifícios foi elaborado um inventário de todos os equipamentos e mobiliário que ainda se encontravam dentro da fábrica.
Um exemplo é uma grande máquina bordadeira e uma máquina punch (perfuradora). Ambas ficarão expostas dentro de redomas de vidro, uma no espaço da rua interna e outra no interior de um dos blocos.
“O conjunto como um todo, que foi sendo construído ao longo de décadas, possui elementos arquitetônicos de manifestações de épocas distintas”. São edifícios de caráter industrial, de inspirações ecléticas, historicistas, art déco, além de algumas intervenções mais recentes. Os detalhes dos ornamentos das fachadas são muito relevantes para a identidade de cada bloco. Vale destacar o que chamamos de quinta fachada, que são os volumes dos telhados, que se evidenciam principalmente a partir da visão dos andares mais elevados das torres que os circundam”, observa a arquiteta.
O empreendimento conta ainda, ao longo de seu espaço, com elementos que se reportam à memória do conjunto. São peças que foram identificadas e selecionadas pelo inventário, devidamente restauradas, e um grande painel que descreve a linha do tempo da trajetória histórica da fábrica.