Por Carla Schork, diretora de novos negócios da Texneo.
Quando falamos em moda, imaginamos diversas coleções com diferentes tendências e cores acompanhando as estações.
De fato, nesse universo novas peças são apresentadas regularmente, fazendo com que os produtos do período anterior, estando ou não bem conservados, sejam substituídos por itens de novas coleções.
Para se ter uma ideia, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a indústria têxtil é responsável pela emissão de cerca de 8% dos gases tóxicos que contribuem para as mudanças climáticas e é a segunda mais poluidora do mundo, ficando apenas atrás da indústria petrolífera.
Isso gera a necessidade instantânea de buscar alternativas para que esse setor continue produzindo, mas com responsabilidade e sustentabilidade.
Quando o assunto é ESG, um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), aponta que a indústria da moda e peças de couro compõem os mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados por ano no Brasil.
Analisando esses dados, a moda sustentável tem como tendência e objetivo reduzir a quantidade de poluentes usados na fabricação de produtos e esse movimento tem como consequência uma nova forma das indústrias têxteis agirem em prol de uma abordagem mais limpa em seu material final, bem como, um trabalho de mindset para com os consumidores.
De acordo com o relatório divulgado pela empresa Research And Markets, o crescimento do setor passou dos US$6,3 bilhões arrecadados em 2019 para US$8,2 bilhões já no ano de 2020. E entre os anos de 2025 e 2030, esse valor pode aumentar e chegar a US$15,2 bilhões.
Tal previsão indica que investir em sustentabilidade é a bola da vez para mudar o cenário e deixar de ser um dos principais poluentes da cadeia produtiva industrial.
A partir dessa análise, deixo abaixo algumas tendências sustentáveis para moda 2023:
- Tecidos 100% reciclados: recém lançado no mercado, tecidos 100% reciclados feitos de poliamida e poliéster reciclados, além de elastano, que é uma matéria-prima feita a partir de petróleo, que não é biodegradável e devemos observar o lançamento de outras malhas no mesmo sentido.
- Malhas sustentáveis: ainda com o foco no impacto da produção têxtil no meio ambiente, uma tendência que vem crescendo fortemente no mercado são as peças produzidas inteiramente com as malhas sustentáveis, que uma vez propagadas ao mercado, com uma comunicação transparente e eficaz, contribuem para um olhar mais sustentável também ao consumidor final.
- Moda artesanal: peças feitas à mão têm ganhado muitos adeptos no país. Vestuários de tricô, renda e crochê continuarão em alta, principalmente no verão.
Por fim, a realidade é que a tendência sustentável na moda veio para ficar! E nesse contexto, grandes empresas do ramo têxtil seguem se reinventando e inovando suas coleções com foco ainda maior nesse novo mercado. Para o próximo ano, esperamos uma indústria cada vez mais preocupada na adoção de padrões mais sustentáveis.