Assim como no início de 2022, provavelmente você e muitas outras pessoas por aí, iniciaram o ano de 2023 repleto de intenções e objetivos esperados, traduzidos em planos com cronogramas em um Kanban na parede do quarto ou em uma planilha no Google Docs.
Entre realizar novas viagens, comprar ou alugar uma casa nova e pegar o carro do ano, há também a quitação de dívidas, ter mais cuidados com a saúde, realizar aquela festa de casamento, iniciar alguma graduação ou pós-graduação, assim como um novo idioma ou qualquer outra habilidade que você tenha interesse.
Para essas e todas as outras possibilidades, inevitavelmente você aprenderá algo novo. Mesmo que você nem perceba todo esse processo em construção ou em andamento, você aprenderá algo novo em algum momento.
Dito isso, te pergunto: e se você pudesse ser ainda mais ativo nesse processo de aprendizagem?
Ser ativo em um processo de aprendizagem é considerar que tudo pode ter um início, meio e fim baseado em um ponto B mais concreto.
Em outras palavras, é você entender o que você quer fazer melhor amanhã a partir do o que você faz hoje.
Uma das minhas maiores referência, quando leio sobre aprendizagem, é o Conrado Schlochauer, no qual define aprendizado da seguinte forma: “é a explicitação do conhecimento por meio de uma performance melhorada”.
A partir disso, entende-se que há sempre uma evidência a ser demonstrada quando você aprende algo novo.
Ao comprar um carro novo, aprender as regras de um consórcio ou financiamento te dará a capacidade de optar pelo melhor contrato possível para você , uma evidência.
Assim como iniciar algum curso: colocar o conhecimento em prática sendo reconhecido por isso é uma forma de evidenciar o que você aprendeu também.
E sim, a aprendizagem nem sempre foi algo bem estruturado desde a nossa infância. E quando eu digo estrutura, falo essencialmente sobre a conexão afetiva ou o interesse genuíno sobre o ato de estudar.
Eu mesmo só aprendia por obrigação e olhe lá. Apenas quando entrei no mercado de trabalho foi quando desenvolvi um interesse genuíno sobre aprendizagem.
Mas o modelo clássico de educação foi aquele no qual fomos condicionados desde a infância. Comando e controle, reprodução de conteúdo e altamente orientado à desempenho. E isso tem um custo.
De modo intencional ou não, existe um funil em que poucos progridem ao longo dos anos escolares. No Brasil, 23% dos jovens cursa a faculdade na idade esperada, segundo dados de 2018. Estamos muito longe da meta do Plano Nacional de Educação, que almeja 33% em 2024.
O cenário se torna ainda mais preocupante ao sabermos que o salário de alguém com ensino superior é, em média, 140% maior, tornando o caráter seletivo muito maior que o educativo.
O que chama a atenção nesse modelo clássico é que ele baseia-se em motivações extrínsecas: controle de presença, de comportamento e de desempenho, quase sempre repletos de culpa e punição.
Junte isso à pressão social para passar de ano e você tem um ambiente em que o medo muitas vezes prevalece.
As consequências disso são imensas. Os anos passam e você se torna um adulto no qual vê o estudo como um mal necessário, no qual considera que aprender é importante apesar de ser algo chato e lê um livro ou outro por ano como se fosse uma obrigação social.
Na espécie humana, contudo, o verdadeiro aprender está quase sempre vinculado ao prazer. É um mecanismo para garantir a nossa capacidade de crescer e nos adaptar ao novo.
E quando somos adultos, a principal diferença está na autonomia, uma das nossas principais fontes de motivação intrínseca.
Assim, você sempre será capaz de identificar o aprendizado quando esse estiver integrado à sua rotina, a partir de um contexto no qual você veja sentido e estimule você. Quando você soma o seu contexto à descoberta e ao prazer, o aprendizado se tornará contínuo.
E, para mim, o prazer nada mais é que o assunto e contexto interessado somado ao formato e recorrência. Tendo essa combinação, você já terá grandes resultados.
Quer ver?
Aprenda algum novo esporte ou jogo; natação, dança, bridge. Leia sobre atualidades: questões públicas, políticas, globalização, climáticas ou sobre a relação entre as nações.
Costure, cozinhe ou aprenda a dirigir uma moto; cuide do seu sobrinho(a) por um momento, inicie uma atividade física, aprenda história, viaje, cuide de suas finanças pessoais, entenda como funciona um seguro ou financiamento, psicologia, arte, pintura ou arquitetura, inglês, espanhol ou guarani.
Faça algum item anterior ou qualquer outra coisa considerando a possibilidade de você aprender com: o seu ambiente profissional, seus colegas da empresa ou clientes, com seus amigos de clube ou patota do futebol, lendo artigos na internet, científicos ou não.
Aprenda lendo um livro, um jornal ou uma revista impressa ou digital; interprete um mapa, conheça suas cidades e características.
Converse com seu médico, seu advogado, seu professor atual ou de infância. Faça um curso online, ao vivo ou gravado, faça presencial, dentro ou fora da sua cidade. Ouça podcasts, assista ao Youtube, escreva artigos, peça opinião de outras pessoas.
Junte tudo isso e determine uma recorrência. Nem que seja dentro de apenas 30 dias. Você já verá os primeiros resultados.
Enfim, saia do seu ponto A para o ponto B dentro do que te motiva em 2023. Aprender a aprender é uma habilidade que a gente só desenvolve se fomos capazes de dar o primeiro (o segundo, o terceiro…) passo.
Não precisa ser sozinho. Use pessoas que você considere referências no assunto e marque um café para conversar com ela.
Além do mais, identifique possíveis redes de pessoas que têm o mesmo interesse, em poucos minutos, você encontrar diversos grupos na internet. Entre em algum e vá aprendendo com ele.
Finalizo aqui deixando minha sugestão para você em 2023: aprenda a aprender. Identifique qual habilidade ou comportamento você espera melhorar neste novo ano a partir do seu contexto e rotina, buscando sempre opções que sejam mais estimulantes para você.
Vamos fazer da aprendizagem algo mais legal no nosso dia a dia. O ano está só começando.