Integridade, assim como qualidade, deveriam ser condição Sine Qua Non para qualquer empresa. No entanto, na cultura do “jeitinho” ainda temos uma longa peregrinação até que estes atributos façam parte da nossa cultura nacional. Até que sejam valores inquestionáveis.
A “Lei de Gerson”, arraigada na conduta popular, onde se obtém vantagens de formas duvidosas, ficamos, como brasileiros, associados à corrupção e desrespeito às regras. O Gérson, esse da lei, foi um jogador de futebol que ficou famoso por querer levar vantagem em tudo, virou expressão coloquial ao referir-se à corrupção política brasileira.
Tive oportunidade de trabalhar por alguns anos em multinacionais de capital aberto antes de me converter ao empreendedorismo. Neste tipo de empresa, falta de integridade e transparência significava, no cenário mais otimistas, demissão. Quem sabe até Polícia Federal, dependendo o caso.
Maltratados pela Lava Jato e exaustos da corrupção, em 2013 temos finalmente a Lei Anticorrupção, que completou 10 anos neste mês de agosto. Antes da zombaria, permita-me a indagação:
O que estamos fazendo nas nossas empresas para tornar a integridade parte da nossa cultura?
Nem todas as empresas têm porte para ter uma área de Governança ou Compliance estruturadas, mas acredito que todas podem ter integridade e transparência como valores.
Segundo a Lei Anticorrupção, o programa de integridade consiste, “no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira”, segundo o Gov.br.
Uma pesquisa realizada pela Quaest Consultoria e Pesquisa, a pedido da Transparência Internacional, mostra que a Lei Anticorrupção, conta com apoio praticamente unânime dos empresários brasileiros. Conta com o meu e acredito que com o seu apoio também, afinal apenas 5% dos empresários diz rejeitar a lei.
Apesar disso, a maioria dos entrevistados pela pesquisa ainda entende que a lei ajudou “pouco”. Concordo, parcialmente. Ainda temos muito que fazer pela cultura da transparência, a começar pelas nossas próprias casas e empresas.