Mesmo sendo considerado um commodity, o arroz não está isento da alta exigência dos consumidores espalhados por todo o país.
Por isso, seja nas lavouras ou dentro das indústrias que beneficiam o grão, o uso de tecnologias que agregam eficiência e qualidade ao produto é indispensável.
Em Santa Catarina, desde o momento em que é semeado até o seu empacotamento, a cadeia produtiva conta com equipamentos e técnicas que contribuem para a excelência final e o sabor inigualável do cereal.
Com registros de plantio em solo brasileiro ainda no século XVI, o cultivo de arroz ganhou importância social, econômica e política.
Ingrediente básico, é também considerado pela Organização Mundial de Alimentação e Agricultura (FAO) um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana.
No entanto, para que os melhores grãos cheguem às prateleiras dos supermercados, é necessário um trabalho e cuidado minucioso de todo setor arrozeiro.
Nos últimos 10 anos, a evolução tecnológica revolucionou o cultivo e beneficiamento do arroz.
Enquanto equipamentos altamente avançados, como drones e niveladoras a laser, passaram a integrar o maquinário dos agricultores, o uso de fungicidas à base d’água, que aumentam a qualidade do cereal e não deixam resíduos no alimento, também se tornou mais comum.
Já nas empresas orizícolas, além de todos os equipamentos voltados para o beneficiamento, ainda ocorrem práticas sustentáveis, como a aposta em refrigeradores nos silos, que reduzem o consumo de produtos químicos na prevenção contra insetos que se alimentam do grão.
O empenho de toda a cadeia produtiva na busca por um produto de excelência, na visão do presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli, é o que faz o arroz catarinense ser reconhecido de forma positiva em âmbito nacional e internacional.
“Em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, precisamos sempre procurar diferenciais e, com certeza, nossa qualidade é um deles. A tecnologia é uma aliada poderosa nesse esforço, mas esse trabalho e investimento precisam acontecer de ponta a ponta”.
Nas grandes plantações, um olhar atento
Com olhar atento dos agricultores, um dos primeiros pontos é o preparo da terra que receberá o arroz entre os meses de agosto e setembro. Cultivando o grão em 120 hectares na cidade de Nova Veneza, Claudionir Roman tem sua trajetória ligada à agricultura e, ano após ano, busca o equilíbrio nutricional do solo.
“Contamos com o auxílio de uma equipe técnica para fazer as análises, pois existem níveis corretos dos indicadores de fertilidade e outros componentes, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, magnésio e outros micronutrientes. Temos que ter em mente que tudo pode influenciar no resultado da safra”.
Nesse cenário, a pesquisa genética desenvolvida por empresas especializadas caminha lado a lado com a busca pela alta produtividade.
“Usamos sementes certificadas, pois elas apresentam uma melhor adaptabilidade à região catarinense. Além disso, cada novo cultivar lançado no mercado traz mais resistência a doenças e pragas, fazendo com que a colheita seja mais estável”.
Enquanto as grandes máquinas ceifam e colhem, os drones sobrevoam as extensas plantações para mapear locais que necessitam de algum cuidado, como por exemplo mais adubo.
Além disso, os produtores também o utilizam para aplicar, de maneira responsável e consciente, fertilizantes e pesticidas.
Há algumas safras, Roman contrata uma empresa terceirizada para realizar essa parte do processo e, desde então, já notou uma maior agilidade e precisão.
A troca otimiza o tempo em aproximadamente 50%, elimina o contato direto das pessoas com os produtos, bem como apresenta economia da quantidade necessária e evita o desperdício.
Além do beneficiamento, o cuidado com a sustentabilidade
Outro ponto que merece destaque é o compromisso das indústrias em garantir a excelência na produção do cereal.
O maquinário moderno de beneficiamento e processamento garantem que os grãos sejam selecionados e tratados com o máximo de cuidado, para que as propriedades e características do arroz que saem das lavouras cheguem à mesa dos consumidores.
Conforme evidencia Gustavo Olivo, diretor da Realengo Alimentos, empresa associada do SindArroz, com a evolução tecnológica, as empresas tiveram acesso a equipamentos que buscam preservar os nutrientes e, também, o sabor do cereal que está na rotina de milhares de brasileiros.
“A tecnologia está presente em todos os processos dentro da indústria, sempre para corroborar com a qualidade final. Ainda nos silos, temos um sistema de secagem com ar limpo para tirar a umidade do arroz em casca que é descarregado. Depois, por exemplo, conseguimos selecionar os melhores grãos de acordo com critérios preestabelecidos, como cor e tamanho, e destinar somente aqueles que se encaixam para os pacotes”.
Além das máquinas de seleção eletrônica, as indústrias catarinenses já utilizam, até mesmo, robôs para facilitar o processo de empacotamento e transporte do arroz produzido.
E preocupação com a sustentabilidade ambiental é uma característica marcante em Santa Catarina. Nesse cenário, práticas foram adotadas a fim de reduzir o impacto ambiental e promover a preservação dos recursos naturais. Entre elas, a geração de energia por meio da queima da casca do arroz.
“Devemos buscar métodos mais eficientes e sustentáveis, como a adoção de tecnologias de baixo consumo de água e energia, a reciclagem de resíduos, e a redução das emissões de poluentes”, finaliza.