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Previsão de queda na taxa de juros e a retomada das emissões de securitização

Foto: divulgação.

Por Fabricio Martins, co-fundador da Giro.Tech.

O mercado financeiro brasileiro tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, com a economia do país passando por momentos de incerteza e turbulência. No entanto, gestores e especialistas estão otimistas em relação ao segundo semestre de 2023, que promete ser marcado por uma retomada no mercado de capitais. Essa recuperação se torna ainda mais relevante após uma primeira metade do ano que foi considerada a pior desde 2018.

O cenário atual

Para entender a magnitude dessa recuperação, é importante analisar alguns números. A captação pelas companhias brasileiras em 2023 chegou a cair abaixo dos níveis observados no início de 2020, um período marcado pela intensa incerteza relacionada à pandemia de COVID-19. Em 2020, as empresas emitiram impressionantes R$ 153,7 bilhões em títulos e valores mobiliários. No entanto, nos primeiros seis meses de 2023, o volume captado atingiu apenas R$ 153,4 bilhões, representando uma queda significativa de 35,4% em comparação com o mesmo período de 2022.

Emissões de Renda Fixa e Instrumentos Híbridos

Dentro desse contexto, é interessante observar as diferentes categorias de ativos financeiros. As emissões de renda fixa, juntamente com instrumentos híbridos, como fundos imobiliários e fundos do agronegócio, totalizaram R$ 139,8 bilhões entre janeiro e junho de 2023. Porém, esse valor representa uma queda acentuada de 34,76% em relação aos R$ 214,3 bilhões captados no mesmo período do ano anterior. Esse declínio nas emissões desses ativos sugere uma cautela por parte das empresas e investidores diante do cenário econômico incerto.

Comportamento da Renda Variável

No segmento de renda variável, a captação atingiu a marca de R$ 13,5 bilhões no primeiro semestre de 2023. Embora esse valor seja significativo, ele também mostra um recuo anual de 28,6%. O mercado de ações tem sido particularmente afetado, com ofertas subsequentes (“follow on”) representando apenas R$ 6,5 bilhões em junho, o que equivale quase à metade de todo o volume de emissões de ações durante o ano.

Perspectivas para o segundo semestre

Apesar dos desafios enfrentados no primeiro semestre de 2023, muitos gestores e especialistas acreditam que o segundo semestre trará uma mudança positiva no cenário financeiro brasileiro. A principal razão para essa expectativa otimista está relacionada à previsão de queda na taxa de juros.

Historicamente, a taxa de juros elevada no Brasil tem desestimulado as empresas a buscarem financiamento no mercado de capitais, pois os custos de captação são mais altos. Entretanto, com a perspectiva de queda na taxa de juros, espera-se que as condições se tornem mais favoráveis para as emissões de títulos e valores mobiliários. Isso incentivaria as empresas a acessarem o mercado de capitais como uma fonte de financiamento, impulsionando assim a retomada das emissões.

Além disso, a securitização, um importante mecanismo de financiamento, também pode desempenhar um papel crucial na retomada do mercado. A securitização envolve a transformação de ativos financeiros, como empréstimos, em títulos negociáveis, que são, então, vendidos a investidores. Esse processo permite que as empresas liberem capital e diversifiquem suas fontes de financiamento.

É fundamental que as empresas e investidores permaneçam atentos às condições de mercado e às tendências econômicas. A recuperação do mercado de capitais não é garantida, e a incerteza global ainda pode representar desafios. Portanto, a capacidade de adaptação e a tomada de decisões informadas serão essenciais para aproveitar as oportunidades que o segundo semestre de 2023 pode oferecer.

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