Por Denise Maidanchen, CEO Quanta Previdência Cooperativa e presidente Lide Mulher SC.
Recentemente participei do Seminário Internacional de Previdência, realizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar em Madri, na Espanha. Além da valiosa oportunidade de explorar o modelo europeu, seus desafios e melhores práticas, diante das intensas discussões e análises, emergiu uma conclusão incontestável: ‘A conta vai chegar para todos’. Governos, empresas e trabalhadores, sejam formais ou autônomos, enfrentarão altos custos pelas decisões que tomamos hoje, caso não sejam implementadas medidas proativas e sustentáveis.
O envelhecimento da população brasileira, evidenciado pelo aumento da expectativa de vida de 62,6 anos em 1980 para 75,5 anos em 2022 (IBGE), pressiona os gastos com previdência social, que já representam 13% do PIB, segundo o IPEA. Projeções indicam que esse percentual pode chegar a 17% até 2060, exigindo uma gestão robusta para evitar o colapso do sistema, logo, ele precisará equilibrar essa questão através de novas reformas ou encargos, impactando diretamente empresas e trabalhadores.
Portanto, a participação ativa das empresas e dos trabalhadores na previdência complementar é crucial para evitar esses desdobramentos negativos e promover um futuro mais sustentável.
O Brasil possui reservas de previdência complementar que totalizam R$ 2,5 trilhões (ANBIMA), equivalentes a 25% do PIB. Em comparação, países como Estados Unidos e Reino Unido possuem reservas que ultrapassam 100% e 120% do PIB, respectivamente. Na Holanda, esse valor chega a 160% do PIB.
A conta já chegou para o governo
Adotar medidas que incentivem o crescimento das reservas de previdência complementar é crucial. Isso não apenas ajuda a desonerar o sistema público de previdência, mas também contribui para a formação de uma poupança de longo prazo robusta, essencial para o desenvolvimento econômico sustentável do país.
Se o governo investir em incentivos financeiros mais robustos para a previdência privada, poderá haver uma redução inicial na arrecadação de impostos. Quem terá a coragem de adotar essa postura necessária para evitar que, no futuro, a conta se torne insustentável?
A conta vai chegar para os empresários
Para as empresas, oferecer planos de previdência complementar não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia inteligente de negócios. Segundo a ANBIMA, apenas 12% dos brasileiros possuem algum plano de previdência privada, evidenciando a necessidade urgente de ação por parte das empresas.
Países e empresas que hoje não investem na previdência complementar de seus funcionários podem enfrentar um mercado futuro com consumidores menos capazes de sustentar o crescimento econômico.
Afinal, quem pode pagar essa conta sozinho?
A educação financeira é a chave para evitar a negligência em relação à previdência complementar. Segundo a OCDE, apenas 28% dos brasileiros possuem conhecimentos básicos de finanças. Este dado alarmante ressalta a importância de cada indivíduo assumir o controle do seu futuro financeiro.
Planejar o futuro é fundamental para garantir uma aposentadoria tranquila. Se governo e empresas falharem em atuar de maneira eficaz, a responsabilidade recai diretamente sobre você.
A sustentabilidade da previdência é uma responsabilidade coletiva que não pode ser ignorada. Governos, empresas e indivíduos precisam agir agora para evitar uma crise previdenciária no futuro. O envelhecimento da população brasileira, combinado com a crescente pressão sobre os gastos públicos, exige uma abordagem proativa e integrada.
A hora de agir é agora. Somente através de uma ação coordenada e comprometida poderemos garantir um futuro digno para todos, onde a previdência seja um alicerce sólido e sustentável para as próximas gerações.