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O papel e o futuro dos líderes nas empresas

Foto: divulgação.

O que podemos esperar do papel da liderança no futuro e como a transformação digital impacta as relações nesse sentido. É sobre isso que Rodrigo Oneda Pacheco, líder de gestão de mudança e cultura na Central Ailos, conta ao Economia SC Drops. Confira abaixo:

Como você avalia o papel dos líderes no mercado atual e quais são os principais desafios enfrentados?

    O papel do líder no mercado atual precisa ser desenvolvido com uma prontidão à mudança como nunca antes. É natural, em meio a tanto dinamismo que o mercado enfrenta, você está sujeito à mudanças constantes na sua empresa. Seja uma mudança de estrutura ou governança assim como mudanças visando a implementação de novos processos, novas tecnologias ou regras de negócios. Ninguém assume um novo papel, atua em uma nova área ou começa usar um novo sistema com uma aceitação imediata. Ela parte de um preparo, identificando o que é preciso para evitar que os impactos dessa mudança comprometam a satisfação daquele profissional. Ninguém vira uma chave da noite para o dia, como se houvesse um botão no qual estivesse ali, sempre, para ser acionado quando uma mudança acontece. E os desafios das lideranças estão ligados a essas mudanças. Enquanto as lideranças não entenderem a importância de amortizar e mitigar os riscos dos impactos ligados às mudanças organizacionais, um número maior de pessoas insatisfeitas representará o elefante na sala até que alguém puxe esse desafio para ser enfrentado. Aliás, já escrevi sobre a gestão de risco aqui no Economia SC onde falei sobre a negligência de problemas organizacionais emergentes quando ninguém está disposto a resolver.

    Quais são as melhores práticas para alinhar a gestão de pessoas com os objetivos estratégicos da organização?

      Eu gosto de dizer que uma organização é uma moeda de dois lados em que um dos lados representa a estratégia, o aspecto mais racional e lógico da empresa; e do outro lado, você tem o relacional e emocional, a sua cultura. Na combinação desses dois lados, é possível definir os passos da empresa buscando o equilíbrio esperado entre razão e emoção. Para você entregar a estratégia, gerar receita, pagar suas contas, emitir faturamento e seguir seu rumo, é preciso ter pessoas que representem o comportamento desejado para fazer isso tudo acontecer. Não é nem abraçar a árvore demais ou a geração de resultado a qualquer custo. Em temos de vacas magras, o direcionamento pela eficiência e busca de receitas poderá exigir um comportamento mais orientado à disciplina, ao resultado de curto prazo e cultura de feedbacks constantes. Assim como em uma estratégia de expansão, a empresa poderá optar por investir muito mais na captação, pagando por um risco no qual não garante que será coberto com novas receitas. O viés empreendedor aqui predomina. Gestão de Pessoas, para isso, precisa entender qual é o caminho estratégico da organização e saber como fomentar esse caminho por meio dos seus subsistemas (atração e recrutamento, employer engagement, gestão por desempenho, cargos e salários, capacitação e desenvolvimento, etc.) com o propósito de alcançar a estratégia. Ocupar o tempo das pessoas com confete e balão, ou seja, com distrações superficiais que só servirão para aquele determinado momento, é subestimá-las quanto ao seu potencial de geração de negócios.

      De que maneira a transformação digital está impactando a liderança dentro das empresas?

        Essa resposta se conecta muito com a primeira pergunta. Para toda e qualquer transformação, há uma premissa de evolução na qual eu saio de um ponto presente visando o alcance de um ponto futuro. Nessa caminhada, estou sujeito a diferentes desafios que precisam ser considerados como verdadeiros e entender como ajudar as pessoas a ultrapassá-los. Uma liderança que espera uma adoção imediata é não entender como fazer essa transição. Por mais que todos(as) possuam uma consciência e um desejo desenvolvidos para uma mudança, nem sempre é fácil transformar esses dois fatores em algo concreto. Ou seja, como eu vou saber se as pessoas possuem um conhecimento ou uma habilidade desenvolvidos quando essa mudança for implementada? Pense você, sendo um(a) motorista destro tendo que dirigir na Inglaterra e usar a mão esquerda para trocar a marcha uma vez que o sentido do trânsito nesse país é inverso ao nosso. Essa mudança envolve tudo: linguagem, cultura, mecânica, processos, leis locais, etc. Se você não se preparar, você terá problemas.  E o impacto da transformação digital é isso. Transformação Digital pode ser um buzzword já vencida, mas ainda nos acompanha por aí. Ela não pode ser apenas mais um vocabulário bonito no seu post dentro do LinkedIn, ela precisa ser respeitada a partir do potencial de impacto que ela pode causar nas pessoas. E não saber amortizar esse impacto é subestimar esse movimento.

        Quais são as tendências atuais em employer branding e como elas impactam a competitividade das empresas?

          Aqui destaco duas: o equilíbrio vida-trabalho assim como uma cultura people-first como estratégia de engajamento. O equilíbrio exige não apenas a abertura do espaço de trabalho para práticas de autoconhecimento, exercícios físicos e boa alimentação; mas também incluí o que tanto se exige nos empregos atuais: o tele-trabalho. E se eu tenho esses e outros fatores que favorecem a experiência do meu profissional na sua jornada de trabalho, logo eu direciono ainda mais a minha cultura para as suas necessidades. A evolução tecnológica e a rapidez que ela se desenvolve não são novidades. O ponto aqui é: compaixão, apreciação e reconhecimento. Fatores extremamente humanos e necessários nas relações trabalhistas que superam, e muito, qualquer artefato organizacional (tobogã, video-game, geladeira de bebidas, etc…) que também são usados como estratégias de retenção.

          Quais tendências você acredita que moldarão o futuro da liderança nos próximos anos?

            Além de uma cultura orientada nas pessoas, como trouxe na resposta anterior, há fatores ainda mais intensos e atuais que já nos exige um olhar para o futuro. E aqui não há nada mais necessária do que entender a relação da inteligência artificial no papel da liderança. A IA não é futuro, já é presente. Mas o uso dela ainda é muito novo. É importante que saibamos evoluir sua utilização e transformar ela em um recurso sustentável. Na condição de criarmos cada vez mais espaços para o desenvolvimento individual, a oxigenação para novas habilidades se torna fundamental para o diferencial organizacional. Se eu tenho uma inteligência artificial que irá cobrir uma operação até então realizada por ser humanos, eu preciso que esse ser humano possa ter a chance de se desenvolver para novos desafios. É meu papel, como líder, propor esse caminho e facilitar esse desenvolvimento.

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