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Bons profissionais ouvem para entender, não para julgar

Foto: divulgação.

Só se fala em ChatGPT nesse início de 2023. 

Mas calma aí. Neste artigo, não falarei sobre os benefícios, os impactos e suas possibilidades pois com certeza você encontrará colunistas melhores para esse assunto na internet.

Meu ponto aqui é outro. Se a inteligência artificial é uma melhoria já consolidadas, será que estamos fazendo o básico com os nossos colegas de time antes mesmo de querer surfar essa onda?

Provavelmente você conhece alguém que já demonstre um forte entusiasmo pelo ChatGPT , principalmente quem não é da área de tecnologia. 

Essa pessoa deve ser aquelas que já aponta a urgência da revisão das habilidades a serem treinadas, da urgência nos treinamentos internos e também aquela que promove um certo anseio/medo sobre nossos empregos no futuro. Tudo isso mesmo com as melhores intenções do mundo.

Naturalmente, todo incremento ou inovação disruptiva poderá proporcionar diferentes impactos no nosso dia a dia. E sempre estaremos sujeitos a isso. Tão certo quanto as evoluções tecnológicas, são as reviravoltas do mercado de trabalho. Um exemplo disso é o que estamos acompanhando sobre as demissões em massa.

Assim, tão importante quanto escrever um prompt para o ChatGPT e saber fazer uma curadoria adequada das informações geradas pela ferramenta, é também saber fazer o básico no ao vivo com o seu time e colegas de trabalho: saber fazer boas perguntas.

No meu primeiro artigo do ano publicado aqui, no Economia SC, falei sobre a importância de aprender a aprender. 

Essa habilidade requer que você seja ativo em um processo de aprendizagem considerando que tudo pode ter um início, meio e fim baseado em um ponto B mais concreto e, claro, uma necessidade bem definida.

Com isso, saber fazer boas perguntas acaba sendo um complemento ainda maior para você trilhar esse caminho do aprendizado contínuo. E saber fazer perguntas nem sempre é algo fácil. 

Inclusive, muitas vezes te consideram um inconveniente por só fazer perguntas.

Mas isso pode ser diferente.

Entendendo os fatos ao invés de fazer rasos julgamentos

Fazer perguntas demonstra que você quer aprender mais sobre o assunto. 

Porém há, pelo menos, dois modos bem diferentes de fazer perguntas mas que nem sempre são bem compreendidos.

Aliás, fazer perguntas e sentir a reação das pessoas é uma ótima indicação do quanto trabalhamos em um ambiente psicologicamente seguro. No livro A Organização Sem Medo, a autor aponta que, por meio do nosso inconsciente, provocamos diferentes tipos de pensamentos justamente por não se sentirmos seguros o suficiente no ambiente em que estamos. 

Por exemplo:

  1. Não quero parecer ignorante, logo não faço perguntas.
  2. Não quero parecer incompetente, logo não admitirei erros ou fraquezas.
  3. Não quero parecer desagradável, logo não darei minhas sugestões. 

A partir do momento que o ambiente não tem essa segurança psicológica, inconscientemente provocamos esses tipos de pensamentos. O interessante é que tais pensamentos estão muito mais orientados à nossa própria aparência e vaidade frente aos outros do que ao potencial de aprendizado coletivo que poderia ser despertado.

“Segurança psicológica permite às pessoas que foquem em alcançar objetivos compartilhados em vez de autoproteção”(Ed. Schein).

Mas voltando ao assunto do texto, sim, há perguntas e perguntas. Nem sempre esse entendimento é claro o suficiente para todos na organização. Muitas pessoas são consideradas inconvenientes por fazerem muitas perguntas. Entretanto, por mais que seja importante, fazer boas perguntas é uma habilidade que precisa ser desenvolvida o tempo todo.

Aliás, semanalmente, recebo conteúdos do Gustavo Razzetti e no texto dessa semana, ele trouxe justamente o poder das perguntas e suas diferenças, quando essas são bem compreendidas. 

No artigo, ele traz que podemos trabalhar a arte de fazer perguntas a partir do momento que entendemos a diferença desses dois aspectos. Veja:

Principalmente para quem lidera times hoje em dia, saber ouvir é uma habilidade crucial. Por meio de boas perguntas, é possível refinar ideias e opiniões do seu time, minimizando desentendimentos, as confusões e até ambiguidades.

E se você perceber, é bem comum usarmos perguntas investigatórias quando alguém traz uma nova ideia para a mesa, mesmo sem intenção. 

O problema é que isso acaba soando como um confronto ou uma crítica direta, desencorajando o benefício do diálogo e limitando o poder de uma ideia.

Na intenção de fortalecer o diálogo, poder realizar perguntas esclarecedoras será muito mais efetivo e seguro para o seu colaborador (ou colega de time).

E para isso, perguntas esclarecedoras podem ser baseadas em duas características:

  1. Perguntas abertas: são perguntas que encorajam o proponente (dono da ideia) é expandir seus pensamentos e ideias.
  2. Perguntas de validação: convida o proponente a confirmar o que possivelmente você entendeu.

Nesse sentido, veja algumas perguntas para você ter como referência:

a) Você pode me falar mais a respeito?

b) O que você quis dizer com___?

c) Você poderia me dar um exemplo?

d) Você poderia me explicar____de outra forma?

e) Qual é um exemplo desse conceito?

f) Por que você acha isso?

Por exemplo, ao invés de reagir a uma ideia com “que ideia horrível”, você poderia perguntar algo como: “você poderia me dizer o que fez você pensar nessa ideia?” ou “Como você acha que isso poderá ajudar a resolver os problemas dos nossos clientes?”.

Assim, muito mais relevante do que julgar uma nova ideia ou qualquer proposta de melhoria para o time, buscar a qualidade na conversa é fundamental para ambos os lados. 

Saber ouvir por meio de boas perguntas é ir além do superficial, gerando conversas mais ricas que podem amplificar, energizar e clarificar qualquer tipo de ideia. 

Portanto, ao mesmo tempo que você e seus colegas podem (e devem) acompanhar as tendências e novidades da tecnologia no nosso dia a dia, busque entender como uma relação mais humanizada poderá fazer a diferença quando você ouve uma nova ideia. 

Saber fazer boas perguntas para a inteligência artificial te dará uma nova habilidade que poderá ser determinante no futuro, sem sombra de dúvidas. 

Mas não esqueça de fazer o básico quando se trata de um bom e velho diálogo olho no olho com as pessoas próximas a você.

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Líder de gestão de mudança e cultura na Central Ailos.

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