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A relação conflitante entre indígenas e colonizadores da colônia Blumenau

Foto do Blumenau: Colônia no Sul do Brasil.

Ontem comemoramos o Dia dos Povos Indígenas, termo que substitui o Dia do Índio. Os povos originários do Brasil, como o próprio termo diz, já habitavam o território antes da chegada dos colonizadores portugueses.

Houve muitos conflitos sangrentos em todos os territórios colonizados pelos europeus ao redor do planeta, tanto no Brasil em 1.500 quanto na Colônia Blumenau entre 1852 e 1917.

E na coluna desse mês, vamos trazer alguns fatos históricos e curiosidades sobre essa relação conturbada.

  1. O Primeiro Embate: Aconteceu em 1852 quando os botocudos reviraram o rancho dos imigrantes (região da atual prefeitura) onde acontecia o culto luterano aos domingos de manhã conduzido por Dr. Blumenau. Ao chegarem no local, os colonos pegaram em armas matando dois indígenas. Os demais correram pra mata.
  2. Os indígenas também matavam: E não era apenas para se defender. As primeiras mortes de colonos provocadas por nativos foram registradas em 1855. O nível de brutalidade era tão alto quanto dos europeus. Matavam e mutilavam corpos de adultos, crianças, bebês de colo, saqueavam comida dentro das casas e matavam animais de criação.
  3. O relato de Dr. Blumenau: “Dois colonos recém chegados, ambos pais de família, foram surpreendidos e assassinados pelos bugres em pleno dia e numa distância de apenas 20 braças da próxima casa. Quando cheguei ao lugar do desastre, foi terrível a cena que se me deparava, talvez a mais dolorosa de toda minha vida passada. Os cadáveres dos pobres assassinados mutilados a golpes de machado e, sobre eles, prostravam-se as pobres viúvas, erguendo-se apenas para cobrir-me de vitupérios (insultos), que teria eu culpa a morte do seus maridos, mandando-os persuadir a virem a um país tão inóspito e inseguro e reclamar de mim, para si e seus quatro órfãos, o pão de cada dia que seus maridos lhes teriam ganho pelo trabalho. Deus, na sua bondade, queira preservar-me de ver mais uma vez, tal cena!”
  4. Martinho Bugreiro: Nascido em 1876 em Bom Retiro, é considerado o maior matador de indígenas do Estado, começando logo cedo, aos 18 anos. Pequeno fazendeiro, passou a atender pedidos da população e do governo para exterminar nativos chegando a contar com 25 integrantes em seu bando. O pagamento era feito conforme “pares de orelhas” entregues. Foram centenas de mortes de nativos adultos e crianças.
  5. Korikrã, Ana Bugra, Luca Moa e Nelo: São só alguns dos vários indígenas retirados de suas famílias ainda crianças e doutrinados dentro de famílias com descendência europeia. Uma  espécie de “experimento social” para testar se o comportamento é condicionado pelo DNA genético ou pelo ambiente em que o indivíduo é criado.
  6. Os amigos dos nativos: Nem tudo era atrito. Emil Odebrecht fez várias expedições por dentro do Estado criando uma relação amistosa com eles. Indígenas deixavam lanças e machadinhas na porta de Guilherme Friedenreich que os afiava e devolvia na porta para serem pegas de madrugada. Eduardo de Lima e Silva Hoerhann foi responsável pela pacificação dos conflitos no Alto Vale do Itajaí e criou a primeira reserva indígena no Brasil em Ibirama.

Há quem diga que o europeu foi o grande responsável e, de certa forma foi, mas qual homem não sairia de sua Terra Natal devastada da fome para tentar uma vida melhor para sua família?

É preciso entender que o indígena é ser humano assim como os europeus, dotado de instintos e orientado por ele à proteger seu território, caçar para matar sua fome e atacar quando se sentir ameaçado. Portanto, essa história há vítimas de ambos os lados. Não há vilão ou mocinho. 

É preciso parar de julgar nossos antepassados e aprender com os erros deles para que não cometamos mais tais atrocidades. Devemos respeitar o indígena e aprender com ele a honrar a natureza e os nossos ancestrais.

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