A Apple anunciou o lançamento de sua nova plataforma de realidade mista: o Apple Vision Pro. O conceito envolve a fusão da realidade virtual (RV) com a realidade aumentada (RA), criando uma experiência imersiva e interativa que combina elementos virtuais com o ambiente real.
Nessa tecnologia, os usuários podem interagir com objetos virtuais tridimensionais que são sobrepostos e integrados ao mundo real. Um produto feito para um nicho, que deverá ter um tempo de maturação maior que o do Apple Watch, por exemplo.
Um indicador para isso é o preço, de 3.499 dólares que, se nos guiarmos pelos preços atuais dos produtos da Apple no Brasil, vai significar mais de 30 mil reais.
Durante a apresentação, a Apple emulou o que foi feito com o iPhone, anunciando o produto 6 meses antes do lançamento para o mercado. Para quem lembra, em 2007 também foi anunciado o preço do iPhone, 650 dólares, e chocou muita gente. Depois o preço baixou um pouco.
Eu comprei a primeira versão do iPhone. Era uma novidade muito irresistível na época. Mas ele demorou algumas versões para virar o padrão de mercado, mas acabou destruindo os antigos líderes, como a Nokia e a RIM (BlackBerry).
É importante entender que com o Vision Pro, na verdade, a Apple está lançando uma nova plataforma. Isso envolve o dispositivo, o novo sistema operacional VisionOS, e uma série de novas tecnologias criadas especialmente pela Apple, que afirma que mais de 5 mil novas patentes foram registradas no desenvolvimento da nova plataforma.
O fato de lançar primeiro o Apple Vision PRO, em vez de um dispositivo chamado Apple Vision, é indicativo. Abre espaço para uma versão mais barata do produto no futuro.
A meu ver, durante a apresentação, a Apple perdeu uma oportunidade de enfatizar a narrativa no nome VISION, afirmando que essa é a visão da Apple para o Futuro. Em vez de repetir “APPLE VISION” ao longo da apresentação, que seria mais inspirador, repetindo “VISION PRO” o foco ficou no produto.
E isso leva a uma observação: Ficou faltando mais ênfase no PORQUÊ (WHY). O foco ficou no COMO e no O QUÊ. Um discurso mais inspirador fez falta. E, como afirma Simon Sinek, as pessoas são movidas pelo Porquê você fez algo (o propósito), e não pelo o que você fez (o produto). Faltou uma abordagem mais instigante, mais forte, mais emocionante.
Mas, como a Apple ainda vai ter 6 meses para trabalhar o produto com o público final e ajustar o discurso para algo mais inspirador, e até para lançar o produto mais acessível (Apple Vision). A estratégia tem que ser planejada para o longo prazo, e a Apple sabe disso.
Com a ênfase em um produto PRO, e nas tecnologias para desenvolvimento de software, inicialmente o apelo maior será para aplicações profissionais específicas, com orçamento para isso, vai ser uma ferramenta bem interessante. Medicina, Engenharia, Simulação de materiais, Design de produtos, Design Industrial, usos militares, etc
A apresentação de possibilidades de interação feitas pela Disney realmente impressionam, mas vão precisar de tempo para chegarem ao mercado, e vão depender da penetração do produto, especialmente com o lançamento de versões mais acessíveis, para realmente transformar as maneiras de interagir com o conteúdo, como foi mostrado pelo CEO da Disney, Bob Iger.
O conceito de óculos de realidade virtual já está na cultura Pop há muito tempo, assim como o conceito de Metaverso, termo inventado por Neal Stephenson no seu livro SnowCrash, de 1992
Em outro livro, “Jogador Número 1”, a OASIS, rede que equivale ao “Metaverso”, é a causa da ruína da civilização… E na sua sequência, o livro “Jogador Número 2”, são adicionados limites no uso para as pessoas não prejudicarem o cérebro.
No que pode ter sido uma decisão deliberada da Apple nesse sentido, a bateria do Vision Pro dura apenas 2 horas. A tendência é que, com o tempo, esse tempo melhore consideravelmente. Desde que não seja prejudicial à saúde.
Como comentei no início, é um produto que vai ter um tempo de maturação mais longo que os produtos anteriores da Apple. E a Apple tem fôlego para fazer esse tipo de FLEX… para exercitar os seus músculos corporativos e bancar um projeto de longo prazo desse tipo.
A WWDC, evento em que foi feito o lançamento, é orientada para Desenvolvedores de Software. Além do Vision Pro, foram lançados novos Macs (Macbook Air de 15 polegadas, Mac Studio, Mac Pro), e as novas versões de todos os sistemas operacionais da Apple (MacOS, iOS, iPadOS, WatchOS). A Apple atendeu todas as expectativas básicas.
Mas, a meu ver, o que FALTOU, e vai continuar gerando expectativa, são as iniciativas da Apple em IA generativa. Ferramentas, APIs, SDKs para o desenvolvimento de novas plataformas de IA. Faltou a apresentacão da visão da APple sobre a Inteligência Artificial em geral e, também, o que pode ser aplicado na INTERFACE de MacOS e iOS e iPadOS para revolucionar a Interface com IA.
Acredito que a fusão de IA com as interface é a nova fronteira de evolução dos sistemas operacionais. O VisionOS dá uma boa ideia, aplicando v´årios conceitos interessantes. Mas ainda vamos ter que esperar pelo menos 6 meses para conhecer ao vivo no mercado.
Mas já é uma pequena amostra do que vai acontecer em breve nas outras plataformas. A Apple está juntando os pontos. Talvez na próxima WWDC veremos uma nova interface revolucionária da Apple, baseada em IA generativa.
Vamos ter que esperar para ter a experiência ao vivo com o dispositivo e o ecossistema de software que está sendo desenvolvido. Quem conseguir ter contato antes de janeiro de 2024, vai ser privilegiado…