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Dezembro: o maior golpe de marketing do ano

Foto: divulgação.

Chegamos em dezembro. O mês no qual recebe o maior volume de expectativas possível no ano. Das promessas à beira mar até os discursos de encerramento na firma. O período de renovações está aberto!

O mês em que tudo precisa acontecer, todas as pessoas precisamos encontrar e todas as conversas que nos envolvemos tendem a terminar com um exausto e amarelado sorriso de “boas festas”.

Manuela Cantuária, na sua coluna na Folha, definiu bem o mês de dezembro: um grande golpe de marketing. 

Dezembro é o mês que te vendem festas e renovações para o próximo ano mas o que você compra, na verdade, é uma gincana de coisas a serem feitas. 

E é verdade. Parece que estamos correndo atrás do tempo mais do que nunca, buscando cumprir todos os objetivos possíveis que nos foram condicionados e preenchendo cada espaço da nossa agenda com algum compromisso.

Cada dia útil e não útil de dezembro, vira uma grande cartela de bingo no qual você busca acertar os números para poder fazer parte dessa grande loucura como se não houvesse o mês seguinte para tentar fazer as mesmas coisas.

Coloca nessa conta aí ondas de calor jamais vistas somadas aos momentos de chuvas intensas e pronto: as mudanças climáticas surgem como a cereja do bolo. 

E parece ser um movimento completamente inconsciente. 

No âmbito corporativo, esse dezembro gincaneiro também tem sua versão. Você corre para cumprir o orçamento, finaliza os últimos detalhes (que nunca acabam) do planejamento do ano seguinte, apresenta todos os resultados alcançados e celebra com suas equipes a passagem de mais um ano. Faz foto, faz vídeo, faz evento, faz churras, faz amigo secreto, faz almoço, faz PPT…

As correções dos projetos que poderiam ter sido discutidas há alguns meses, agora surgem como se fossem a novidade do momento. Aquela conversa corajosa sobre desempenho, que fora importante quando o seu liderado mais precisava, agora se torna superficial e confusa para ser realizada.

Em novembro, você já sabia que a mais nova contratação para o seu time precisaria começar no dia 2 de janeiro pois já terá muitas coisas a serem feitas, mas você sequer publicou a vaga.

A sua urgência de hoje é a sua desorganização de ontem, já dizia a placa de um boteco em São Paulo. Lembro uma fala da minha mãe quando eu morava com ela e era (ainda mais) desorganizado: nem tudo é no teu tempo, Pacheco.

Aliás, falando em versão corporativa, há o planejamento do ano seguinte.

Esse, por sinal, já entra condenado também. Afinal, não é raro você observar organizações que buscam realizar todos os tipos de projetos possíveis dentro de um mesmo período. Tudo que poderia ser feito em anos, se torna a principal meta do ano seguinte.

É como se um ano inteiro virasse um grande mês de dezembro. 

Fico com a sensação que precisamos desacelerar um pouco mais essa ansiedade de querer riscar tudo o quanto é expectativa como se fosse um grande checklist de ações instagramáveis e aproveitar as coisas no seu tempo. 

Talvez até usar o mês de dezembro para você desacelerar. Foi convidado para um compromisso que não tem interesse? Recuse, diz que tá corrido. Não quis comprar o presente do seu amigo secreto? Relaxe, você não tinha tempo. Não começou a sua pós-graduação em 2023? Comece ano que vem. 

É dezembro, tá todo mundo na correria. No fim, é tudo uma questão de usar a desorganização com sabedoria. 

Boas festas! 

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Líder de gestão de mudança e cultura na Central Ailos.

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