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Como promover um ambiente de segurança psicológica

Foto: divulgação

“A organização pode ser um espaço de cura ou de adoecimento, depende do seu ambiente e da forma como lida com as pessoas”.

O pensamento de Cinthia Alves, psicóloga especializada em desenvolvimento humano e mudança de comportamento, pode parecer duro na primeira leitura, mas é exatamente o que acontece nas empresas.

Isso quer dizer que se ela incentiva líderes tóxicos e trabalho em excesso, vai ter profissionais estressados e com problemas de saúde. Mas, se disseminar o diálogo aberto, a qualidade de vida e o bem-estar, terá um time mais produtivo e feliz. 

Nesse sentido, ganha força a criação de um ambiente de segurança psicológica, que é caracterizado pela confiança que as pessoas têm em expressar opiniões, dar ideias, fazer perguntas, e, principalmente, saber que o erro faz parte do processo e pode ser fonte de aprendizado e não de punição.

E tão importante quanto esses pontos, é ser um espaço em que as pessoas não tenham receio de falar sobre medos, emoções e angústias, que não haja  julgamentos ou críticas.

“Segurança psicológica é quando ser você mesmo no trabalho não custa caro, quando sua vulnerabilidade é recompensada e não punida”, diz Cinthia.

O termo foi criado por Amy Edmondson, pesquisadora da Universidade de Harvard e autora do livro “A Organização Sem Medo: criando segurança psicológica no local de trabalho para aprendizado, inovação e crescimento”.

O conceito se baseia na segurança em quatro pilares: expressão, interação, aprendizado e pertencimento. Na prática isso quer dizer que as pessoas podem falar abertamente e pedir ajuda, têm liberdade de perguntar, inovar, arriscar e aprender com os erros, e sentem-se apoiadas e valorizadas.

Segundo Amy, o conceito tem tudo a ver com melhores resultados. Isso porque, o conhecimento e a inovação prosperam quando as pessoas se sentem seguras para contribuir com suas ideias e não têm receio de errar e falar sobre emoções.

“O medo de cometer erros ou falar deles, limita nosso acesso a informações valiosas que poderiam impactar diretamente pessoas e resultados”, explica Cinthia

CAMINHO A PERCORRER

Mas, apesar de algumas companhias já estarem avançando na promoção de um ambiente assim, ainda há muito a ser feito, como mostra uma pesquisa global da McKinsey feita com mais de 1.500 participantes.

O estudo aponta que, de modo geral, poucos líderes apresentam os comportamentos positivos capazes de criar esse clima, como capacidade de ouvir com atenção e de prover um diálogo aberto, habilidade para desenvolver relacionamentos sociais e humildade.

Segundo dados da consultoria, apenas 26% dos entrevistados afirmam que suas organizações incluem essas habilidades nos programas de desenvolvimento.

“A proposta pode ser vista com resistência por algumas empresas, pois a mudança de paradigma da qual falamos desafia o modus operandi não somente de culturas e crenças que consideram a vulnerabilidade como fraqueza, mas também, porque nosso cérebro busca instintivamente pela segurança e isso nos faz avaliar negativamente a possibilidade de correr riscos”, complementa Cinthia.

Isso quer dizer que trata-se de uma mudança de cultura. Não adianta apenas levar uma palestra sobre saúde mental ou criar uma ação isolada. É preciso consistência e continuidade.

E tudo começa com a conscientização da alta direção, que deve ver valor na promoção de um ambiente de segurança psicológica e propagar isso para todos os líderes que, por sua vez, transmitirão a suas equipes.

Cinthia recomenda alguns comportamentos:

  • Fale com honestidade de suas experiências e erros. Isso cria empatia e identificação, afinal, todos estamos em aprendizagem e essas vivências têm muito a ensinar.
  • Expresse suas emoções de forma verdadeira, trazendo à tona sua humanidade.
  • Demonstre sua humildade ao reconhecer suas fraquezas e limitações.
  • Compartilhe, quando possível, aspectos de sua personalidade e vida pessoal.
  • Faça mais perguntas e aprenda a escutar sem julgar.
  • Aprecie a diversidade de sua equipe, de gênero, etnia, raça ou orientação sexual, e a cognitiva.
  • Utilize a franqueza construtiva. A verdade e a gentileza devem andar de mãos dadas.
  • Estimule pontos de vista diferentes, possíveis alternativas e opiniões.
  • Participe do dia a dia se fazendo presente, separando tempo para acompanhar, ver e escutar as pessoas genuinamente.

    Que tal colocar a meta de criar, ou aperfeiçoar, esse ambiente para o próximo ano?

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Jornalista e apresentadora do podcast Happy Hour Com Elas

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