Expandir o negócio para outros países não é tarefa simples e exige muito planejamento. Uma pesquisa da Endeavor demonstra que o processo de internacionalização pode trazer importantes resultados para a companhia.
Isso porque possibilita a expansão para outros ecossistemas e amplia a rede de parceiros, clientes e fornecedores, mas também traz os maiores desafios neste processo que são contratar talentos locais, adequar a equipe à cultura local e adaptar o modelo de negócios.
O diretor do grupo temático de internacionalização da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Henrique Bilbao, afirma que tem aumentado tanto a internacionalização das companhias nacionais como a instalação de empresas estrangeiras no Brasil.
Ele acrescenta alguns cuidados que são essenciais neste processo, principalmente em relação aos quesitos jurídicos e tributários:
“Essa internacionalização pode trazer ganhos significativos para as empresas, que conquistam outros mercados, públicos e expandem sua atuação. No entanto, vale destacar que o Brasil tem legislação e processos tributários bem específicos, então é fundamental que as companhias se preparem para esse momento e que contem com a ajuda de profissionais especializados e que entendam a realidade brasileira para auxiliar nessas adequações”, explica.
A seguir, C-levels de companhias que se instalaram no Brasil dão dicas para garantir uma expansão bem-sucedida para o país:
Escolher o momento certo de maturidade da empresa e contar com aportes de investimentos
A startup Webdox CLM, que desenvolve software de gestão digital de contratos, foi criada em 2012 no Chile. Depois de cinco anos de experiência no mercado local, a empresa começou sua internacionalização pela América Latina.
O motivo? Os próprios clientes começaram a levar a solução para outros países e a expansão iniciou pelo México, Peru e Colômbia.
Já a chegada ao mercado de grandes proporções, como o brasileiro, aconteceu após um aporte de US$ 7,3 milhões em uma rodada de investimentos Série A no fim do ano passado.
“Vemos que o Brasil tem um grande potencial e está preparado para dar um salto na gestão digital de contratos. Era preciso preparar uma excelente estrutura e recursos para darmos esse importante passo. Assim, começamos as operações no Brasil neste ano e planejamos crescer exponencialmente no país, chegando a 40 clientes até 2023”, afirma o CEO e fundador da Webdox CLM, José Manuel Jiménez.
O investimento previsto para o Brasil é de US$ 6,2 milhões até 2024 e alcançar, neste período, até 40% de market share no mercado brasileiro.
Planejamento tributário é essencial e pode fazer a diferença para o sucesso
Em 2011, a Zucchetti preparou um plano de expansão para um dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Escolhemos o Brasil por dois principais fatores: a nossa análise de crescimento da economia no país e a aproximação cultural do Brasil com a Itália”, afirma Alessio Mainardi, CEO da Zucchetti Brasil.
Naquele ano, a empresa seguia como líder em muitos segmentos na Itália: RH, ERP e softwares fiscais para contadores e consultores. Por faltar espaço para crescimento, a empresa expandiu, buscando mercado fora.
Até então, tinha experiência com expansões internacionais apenas na Romênia, mas com menor investimento. Em 2011, após estudar o mercado brasileiro, a companhia optou por focar nos ERP’s para pequenas e médias indústrias.
“Para quem quer se instalar no Brasil, a principal dica seria estudar muito bem a complexidade de tributos no país. Antes de eu vir para cá, estudei muito e demorei para acreditar que o país era tão complexo nesse ponto. E a verdade é que o planejamento tributário é essencial e pode fazer a diferença entre sucesso e fracasso de um novo empreendimento”, complementa.
LEIA TAMBÉM:
Startup cria plataforma para desenvolver sites low-code e vai lançar funcionalidades para Web 3.0
Timbó caminha para desenvolver ecossistema de inovação e vê potencial no setor de tecnologia
Estudo traça perfil e trajetória dos CEOs das 100 principais startups do Brasil