Na véspera de celebrar o Dia das Mães eu te convido a refletir sobre os desafios de conciliar a maternidade com as demandas da vida financeira, baseando-se na história de Alane, participante do BBB24 que viralizou na internet após ser eliminada do programa.
Antes de chegar a uma conclusão, farei algumas reflexões aqui e preciso que você abra seu coração e mente e fique comigo até final, combinado?
A primeira reflexão é sobre expectativas altas.
Ao ser anunciada como eliminada do BBB24, a participante Alane, começou a se bater ao vivo e passou a se auto insultar aos gritos: “eu sou péssima, eu sou ridícula”.
Eu não assisti ao programa, mas como a cena repercutiu por toda internet, foi inevitável acompanhar o ocorrido. Uma análise superficial diria que “era um ataque de menina mimada que não sabe perder”. Mas a coisa pareceu ser um pouco mais complicada do que o esperado.
Independentemente das causas que levaram a participante a esse rompante: é inegável que a cena nos remete ao poder destrutivo da autocobrança por sucesso, resultado e perfeição.
Alguma familiaridade com o cumprir o papel de mãe?
A Alane que habita em mim.
Durante toda a época da escola eu sempre fui bem CDF (e incorporava essa identidade). Não me via em outro lugar, se não na posição de melhor da turma.
Eu podia aceitar não ser a mais bonita, a mais atlética ou a mais popular. Mas abrir mão de ficar entre as melhores alunas da turma? Ahhh, isso ninguém podia me tirar. Muito menos eu mesma.
Pois bem. As escolas onde completei o ensino fundamental e ensino médio eram um pouco “menos exigentes” nos critérios avaliativos e de desempenho. Ali eu sempre consegui me destacar com facilidade nas notas. Porém minha identidade da “garota CDF” estava prestes a ser arruinada.
Em 2017 passei no vestibular para cursar Física na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Na primeira semana de provas levei “bomba” em todas as provas. Percebi rapidamente que a base de conhecimento que eu tinha conquistado até ali era completamente insuficiente para me colocar como a melhor da turma na faculdade.
O calendário de provas seguiu, as notas baixas também.
Até que teve um dia que eu “dei uma de Alane” e simplesmente SURTEI. Eu tinha 17 anos na época.
Rasguei as folhas do caderno, amassei tudo, chorei e me debati muito, me sentindo a pessoa mais “péssima e ridícula (e burra)” do mundo. Sem ninguém para me ajudar a regular esse descontrole emocional, esperei o corpo acalmar, desamassei as folhas e segui com os trabalhos da faculdade.
A Gabi de 17 anos – que se autocobrava pelas melhores notas – ainda mora aqui, aprisionada no corpo de uma mulher de 30 anos. E sabe o que eu fiz com ela nos últimos anos, principalmente após me tornar mãe? sempre bati mais forte.
A autocobrança pelo resultado de ser a melhor mãe, esposa e profissional (simultaneamente), me fez cometer a insensatez de querer seguir modelos irreproduzíveis:
- ser uma dona de casa com todas as tarefas em dia
- não precisar de ajuda
- estar em dia com as atividades físicas
- ser reconhecida profissionalmente
- realizar as atividades mais criativas e recreativas com meu filho
- manter uma boa aparência
- ler todos os livros pendentes
- estudar mais cursos
- palestrar
- ser admirada…
Isso custou minha saúde mental e muitos momentos que não voltam mais.
Ralei o joelho, mas aprendi que nunca estarei à altura das expectativas da “Gabi de 17 anos” que quer ser a melhor em tudo.
Eu precisei me reconciliar com ela recentemente e explicar que existem 2 coisas importantes chamadas: realidade e prioridades.
Nos últimos 6 meses iniciei nesse novo processo: cuidar da minha família, priorizar minha saúde física e mental, desfrutar de mais tempo com meu marido e filho.
Em troca, tive que abrir mão de um bocado de coisas da lista da autocobrança que relacionei acima e ajustar os planos financeiros para minha nova realidade.
O lar e a família devem sempre ocupar um lugar central na vida da mulher e do homem. Isso não exclui a possibilidade de uma ocupação profissional nem representa uma fuga das responsabilidades financeiras.
Conheço seus desafios financeiros como mãe. Ser mãe é uma jornada de amor, dedicação e desafios infindáveis.
- Equilibrar o orçamento familiar as vezes com a redução de uma fonte de renda que antes vinha de você.
- Depender financeiramente da provisão de seu companheiro.
- Planejar o futuro financeiro para garantir que nossos filhos tenham tudo o que precisam.
- Lidar com a pressão social de que você precisa voltar ao trabalho para contribuir financeiramente.
Essas pressões financeiras podem afetar profundamente a saúde mental e emocional das mães, criando um ciclo de estresse e preocupação constante.
À uma luz no fim do túnel.
Apesar dos desafios, nós sempre encontramos maneiras criativas de lidar com todos os obstáculos.
Ser mãe é uma jornada desafiadora, mas também a função mais gratificante da vida.
Espero que esse texto sirva como um abraço e que capture em você a percepção de que você pode ser útil onde está agora, com aquilo que já tem.
Feliz dia das mães!