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Férias de julho com filhos: entre o lazer, a culpa e o orçamento

Foto: Volodymyr/AdobeStock

Para quem tem filhos em idade escolar, o calendário das férias deixa de ser uma escolha. Julho e janeiro viram regra. E, com isso, a liberdade de viajar fora da alta temporada fica inviável. O que antes era uma questão de oportunidade, virou um novo ciclo da vida.

O caminho agora é aceitar e adaptar a programação para não gastar energia (e dinheiro!) tentando nadar contra a maré. É aqui que algumas decisões financeiras precisam ser tomadas para evitar que as férias se tornem um desastre no orçamento familiar.

A regra de ouro das férias: planejar com teto

Tenho dois filhos pequenos, ainda fora da rigidez do calendário escolar, mas já aderimos a uma estrutura simples para facilitar nossas decisões. Aqui em casa, nossa regra de ouro é:

  • Janeiro: férias principais na praia (preferimos locais com estrutura familiar e acessível)
  • Julho: uma viagem curta fora da cidade, com programação para as crianças
  • Dezembro: parques e festas

Esse planejamento já entra como despesa fixa do ano. Criei uma poupança específica para férias e tudo precisa caber dentro desse orçamento. Se não couber, ou se quisermos fazer algo fora do combinado, só entra no plano com uma segunda poupança. Parece rígido, mas na prática dá uma enorme liberdade — inclusive emocional.

O que antes era “será que a gente vai conseguir?” virou “o que cabe no que já guardamos?”.

Expectativas: as nossas e as deles

Algo que já mapiei (ouvindo amigos que tiveram férias frustradas): as férias das crianças não são, necessariamente, as férias dos pais.

Há quem tente encaixar os próprios desejos de descanso em meio a uma agenda infantil intensa — isso costuma não funcionar muito bem. As crianças se divertem, mas os pais ficam cansados, frustrados e gastando mais do que deveria tentando “compensar” o que não funcionou.

Caso esse cenário te soe familiar, um palpite (se for possível adaptar à sua realidade):

  • Tenha férias das crianças, em que a programação é quase toda voltada para elas.
  • E tenha alguns dias de férias só para você e seu cônjuge — sem culpa. Nem que seja uma escapada de dois ou três dias com ajuda da avó ou de um amigo. Isso muda tudo. Recarrega, recentraliza e faz bem pra todo mundo.

O lado emocional do consumo nas férias

Quem tem filhos sabe: férias com crianças são um terreno fértil para decisões emocionais. A gente quer que eles aproveitem, que sejam felizes, que criem memórias. E aí, às vezes, confundimos isso com precisar dizer “sim” para tudo — brinquedos, experiências, guloseimas, parques temáticos.

É aí que entra o viés da recompensa. Depois de tanto trabalho, tanto esforço ao longo do ano, nosso cérebro quer compensar — e acaba justificando gastos que não estavam previstos com a famosa frase: “ah, é só uma vez por ano”.

O problema é que esse “só uma vez” acontece mais vezes do que gostaríamos. E o orçamento sente.

Por isso, uma dica que funciona bem por aqui com meu filho mais velho: combinados prévios com as crianças sobre o que pode ou não ser comprado. Quando as regras já estão claras, a negociação é menor — e o gasto, mais controlado.

As ciladas disfarçadas de brinde

Em muitas viagens, especialmente nas mais turísticas, há armadilhas que testam nossa atenção financeira — vendedores oferecendo brindes em troca de “apenas 30 minutinhos” de atenção, convites para apresentações de resorts ou “sorteios” que vêm com pegadinhas.

Esses convites geralmente apelam para o nosso viés da reciprocidade: eles oferecem algo, e a gente se sente quase na obrigação de ouvir ou aceitar. A melhor defesa? Ter clareza de que nada que vem “grátis” é, de fato, gratuito. Dizer não é um ato de autocuidado financeiro.

A conclusão: férias planejadas, finanças tranquilas

No fim, férias boas não são as mais caras. São as mais bem vividas. E isso só acontece quando conseguimos equilibrar o desejo de aproveitar com o compromisso de não comprometer o restante do ano.

Porque a melhor lembrança que podemos dar aos nossos filhos não está num ingresso de parque ou numa loja de brinquedos. Está na presença, na tranquilidade e — por que não? — na nossa própria leveza. Que só aparece quando o dinheiro está em paz com a gente.

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