O impacto que a pandemia traz sobre a economia decorre basicamente de dois fatores.
O primeiro é a redução da movimentação de pessoas e da capacidade de operação, resultado das medidas de prevenção e do isolamento social.
Já o segundo fator é o menor grau de confiança das pessoas em relação ao futuro, o que as faz poupar e diminuir gastos.
Pesquisas que avaliam a percepção do consumidor frente ao cenário atual mostram que 2020 já tem o maior nível de incerteza da série histórica brasileira.
O valor total das poupanças bancárias também atingiram recordes em abril e maio deste ano, indicando comportamento de conservadorismo nas finanças pessoais.
Uma dúvida que surge a partir deste panorama é se a insegurança advinda da propagação da doença é capaz de afetar os números da economia.
Para analisar essa possibilidade, verificamos os números de casos de coronavírus por mil habitantes e o desempenho econômico de todas as cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
As estatísticas mostram que há uma correlação negativa entre os casos de coronavírus e os indicadores econômicos da cidade, tal como a arrecadação de ICMS e o saldo de empregos formais.
Isso significa que o aumento do número de infecções pelo vírus desestimulam o consumo e dificultam a manutenção dos empregos.
Porém, ainda que a relação exista, o seu grau de impacto é pouco relevante para definir o desempenho da economia local.
A baixa relação ocorre devido a casos como o de Nova Araçá e Entre Rios, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, respectivamente, que possuem elevadas taxas de confirmados por habitante, mas mantêm sua economia operante, principalmente pelas atividades vinculadas à agropecuária.
O contrário também ocorre. Em Erval Seco, no noroeste gaúcho, foram registrados apenas 6 casos de coronavírus, mas a arrecadação da cidade já caiu em cerca de 60%, havendo demissões no setor de transporte e de construção.
Assim, de acordo com o economista Henrique Reichert, da Caravela Soluções, “o fator mais determinante para o impacto econômico da pandemia é a estrutura econômica da cidade. Cada região tem suas peculiaridades e as características dos setores locais mais fortes determinarão o nível de rendimento da cidade”.
A classificação de risco econômico dos municípios na pandemia, feito pela Caravela Soluções e que tem como fundamento a participação de atividades industriais, comerciais e turísticas, mostra que o desempenho médio das cidades catarinenses de alto risco está em -26% no ano, enquanto que a variação dos municípios de baixo risco registram queda de apenas 1%.
No Rio Grande do Sul, o grupo de baixo risco ainda apresenta crescimento no semestre.