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Fundadora da Insider se reinventa durante pandemia e deve faturar 60 milhões

Foto: divulgação

Eu vou trazer a cada semana uma grande empreendedora para compartilhar conosco desafios, oportunidades e dicas sobre empreendedorismo.

A primeira entrevistada da coluna é Carolina Matsuse, 29 anos, mineira, engenheira e fundadora da Insider, uma startup que se reinventou durante a pandemia e foi a primeira a desenvolver máscaras e camisetas antivirais, com íons de prata, eficientes para inativar o coronavírus.

Por estar 100% no ambiente digital, a empresa cresceu quatro vezes de 2019 para 2020, chegando a R$ 30 milhões de faturamento, com previsão de alcançar a marca de R$ 60 milhões em 2021.

Ela sempre se destacou nas Ciências Exatas, área que historicamente atraem mais homens do que mulheres. Ainda no Ensino Médio foi medalhista de prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia e bronze na Olimpíada Brasileira de Física. Por essa afinidade, logo cedo decidiu ser engenheira e fez sua graduação no ITA, uma das universidades mais concorridas do país, além de ter estudado também em Stanford University, no Estados Unidos.

Acompanhe comigo essa entrevista com essa super empreendedora:

Você saiu de Juiz de Fora (MG) para estudar no ITA (no interior paulista) em um ambiente majoritariamente masculino, como foi essa experiência?

Carolina: Para chegar lá, estudei muito com homens, em turmas de exatas, com professores homens. Quando cheguei ao ITA, foi uma continuidade. Nunca me senti oprimida em um ambiente masculino, mas claro, principalmente na adolescência, em que a imaturidade às vezes é grande, sempre existe um ou outro que fala algo atravessado. Meu jeito de delimitar meu espaço e impor respeito foi sendo muito séria e ao mesmo tempo amiga deles, em vez de me distanciar.

Qual foi o gatilho para começar a empreender?

Carolina: Sempre tive uma vontade intrínseca de empreender. Meus pais são empreendedores e admirava como, apesar de altos e baixos, muitas vezes mais baixos do que altos, eles sempre tinham soluções criativas para problemas, engajavam toda a família em torno do negócio deles e tinham um comprometimento admirável com funcionários e clientes. Foi nesse ambiente em que cresci, então na primeira oportunidade de empreender que apareceu, logo engajei com a ideia, que simplesmente “grudou” na minha cabeça e eu não conseguia mais viver sem fazer algo para tirá-la do papel.

Qual foi o maior desafio de sua carreira até hoje? Como reverteu a situação?

Carolina: Minha carreira corporativa pré Insider foi bastante intensa e desafiadora, passei por consultoria, startup early stage, startup do Vale montando operação no Brasil, mas nenhum dos desafios que tive nesses lugares se compara aos que já enfrentei na Insider: demitir alguém, tentar levantar capital e levar vários “nãos”, confiar em fornecedor e ter a confiança traída. Esses desafios que nomeei não são somente meus, mas são comuns a quase todas as pessoas que se dispõem a empreender.

Sim, sem dúvidas são grandes os desafios de empreender, ainda mais no Brasil. E como foi na Insider especificamente?

Carolina: Na Insider o momento mais difícil pra gente foi quando quase quebramos a empresa no início da pandemia: o fluxo de caixa estava péssimo, estávamos endividados, na pessoa física nossas contas estavam zeradas e o volume de vendas caía a cada dia. Como superamos: primeiro, criamos o “kit home office”, com produtos que estavam com estoque alto e faziam sentido no contexto de usar em casa na quarentena, a ideia foi um sucesso no marketing e conseguimos fazer um caixa legal assim. Em seguida, desenvolvemos a linha antiviral em parceria com nosso laboratório de nanotecnologia e fomos a primeira empresa do Brasil a lançar roupas antivirais. A adesão do público foi enorme, muito maior do que imaginávamos, e o melhor de tudo: ajudamos milhares de pessoas a terem uma proteção maior nesse momento de pandemia.

Você acha que ainda existe sexismo no ecossistema de startups? Já passou por alguma situação de preconceito ou assédio?

Carolina: O relacionamento entre investidores e startups é preconceituoso. Tudo é motivo de julgamento, não apenas o seu sexo: de qual faculdade você veio, quem te indicou, de qual família você é, qual seu histórico empreendendo, qual a sua idade, qual seu relacionamento com seus sócios. Eu e o Yuri, meu sócio, tivemos feedbacks de VCs de que se sentiam inseguros investindo em casal, empreendedores de primeira viagem e jovens, apesar de o track record da empresa ser impressionante. Mas é vida que segue, fomos pelo caminho bootstrapping (empresas que não levantam capital via equity) e assim seguimos até hoje. Resultados falam por si só: crescemos 4 vezes de 2019 para 2020 e a satisfação dos nossos clientes é muito alta. Talvez se tivéssemos levantado capital antes, o excesso de caixa nos deixaria em uma zona de conforto, menos criativos para enfrentar desafios.

Tem algum conselho para as mulheres que estão ainda na fase da ideação do negócio?

Carolina: Com certeza! Tome riscos: tem que “dar a cara a tapa”, correr o risco de passar vergonha, correr o risco de dar tudo errado, assim é a vida do empreendedor, e quanto maior o risco tomado (desde que forma controlada e embasada em dados haha), maior o retorno.

Foque nos seus pontos fortes, esqueça suas inseguranças: sinto que nós mulheres muitas vezes tendemos a focar mais nos nossos pontos fracos que fortes e ficamos inseguras por causa disso. Eu era assim, mas virei o jogo quando comecei a me apoiar completamente nas minhas fortalezas e usar isso para construir credibilidade e autoconfiança

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Jornalista do ecossistema de startups

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