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Healthtech utiliza IA para recomendação personalizada de suplementos

Foto: divulgação.

Com a pandemia, as healthtechs têm ganhado cada vez mais espaço, visibilidade e investimento no mercado de inovação e novas tecnologias.

Só no ano passado elas captaram US$ 106 milhões, o que representa um crescimento de 70% quando comparado a 2019, segundo levantamento da Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da Distrito.

A SetYou, fundada pela brasileira Juliana Mader, nasceu da vontade de descomplicar o cuidado diário com a saúde e fazer com que mais pessoas iniciem sua rotina de prevenção às doenças.

O negócio começou em setembro do ano passado e em seguida recebeu uma rodada de investimento anjo no valor de R$ 600 mil.

Hoje a empresa já atende todas as regiões do Brasil e supera a meta de crescimento a cada mês.

No Brasil, somente 4,7% das startups são lideradas por mulheres, a Juliana além de ser uma exceção à regra nesse mercado, também é mãe, está grávida e sempre esteve na liderança de várias empresas no Brasil e no mundo.

Ela vai nos contar como gerencia todas essas responsabilidades em meio à um cenário de tamanha incerteza.

Beatriz: Como foi esse processo de idealização do negócio e por que a escolha por esse nicho específico?

Juliana: Somos uma plataforma de personalização de vitaminas, fitoterápicos e outros suplementos. Por meio de uma breve conversa com nossa inteligência artificial, compreendemos seus objetivos, estilo de vida, condições de saúde e hábitos cotidianos para recomendar a melhor combinação de suplementos para o seu dia-a-dia. Escolhemos esse nicho de mercado, quando estudamos a saúde no Brasil e vimos que a única solução para a falta de acesso e os altos custos da saúde é a prevenção. 

Beatriz: O quanto vocês cresceram? Quais regiões do Brasil vocês já atendem? 

Juliana: Começamos a testar nosso produto em Setembro de 2020 e já são 10 mil pessoas que fizeram o teste, resultando em mais de 500 vendas. Hoje já atendemos todas as regiões do Brasil. Tivemos um primeiro aporte de Anjos no valor de 600 mil reais, esses Anjos são médicos renomados, o que validou ainda mais nossa empresa. Hoje estamos negociando uma rodada seed.

Beatriz: Qual a importância da IA para o seu modelo de negócio? 

Juliana: Inteligência Artificial está no centro do modelo de negócio da SetYou. De um lado temos centenas de estudos científicos sobre as mais variadas substâncias, de outro temos dados de nossos clientes e mais de 200 critérios diferentes. Dependendo de cada resposta, novas perguntas podem surgir e cada critério impacta no resultado que é a recomendação personalizada de vitaminas, minerais, suplementos e fitoterápicos. 

Beatriz: Você está grávida, é mãe de outra criança pequena, empreendedora e está à frente de uma startup. Como dá conta de tudo? Qual foi o maior desafio na sua jornada empreendedora?

Juliana: Eu sempre amei trabalhar e empreender é uma grande paixão. Depois que me tornei mãe da Laura, muita coisa mudou, a maternidade é incrível, mas super desafiadora. Não tive uma licença maternidade formal, mas ao mesmo tempo montei uma estrutura para trabalhar muito próximo de casa para poder me dedicar a Laura e agora a SetYou. Com toda certeza me tornei uma profissional melhor, mais serena para tomar decisões e sem tempo para procrastinar. Agora com o Pedro a caminho o desafio vai ser ainda maior. Sobre dar conta de tudo, não dou, acho que acabo não cuidando de mim mesma e até do relacionamento com meu marido. O maior desafio é você ser gentil com você mesma e não se cobrar tanto quando não consegue entregar algo seja em casa ou na empresa.

Beatriz: Falta mais diversidade no ecossistema de inovação brasileiro, quais iniciativas poderiam, na sua opinião, diminuir essa disparidade, sobretudo aqui no Brasil? 

Juliana: As mulheres continuam sendo minorias entre os fundadores de startups. Além disso, existe um racismo estrutural e outros preconceitos que refletem a própria sociedade brasileira e mundial. A presença feminina no comando de startups tem crescido cada vez mais a cada ano, porém não deixa de ser um cargo desafiador devido ao machismo ainda enraizado em nossa sociedade. Várias pessoas ainda são excluídas dessa área, pois muitos ainda não entendem a importância da diversidade, sendo que estudos já comprovaram que empresas com times diversos são muito melhores para os negócios. E apesar de estarem emergindo iniciativas para mudar a falta de diversidade no ambiente corporativo, ainda existe um longo caminho a percorrer.

Juliana: Tem alguma dica especial para as mulheres que estão ainda na fase da ideação do negócio?

Beatriz: A fase de ideação é crucial, percam muito tempo nela. Tenha certeza que você está resolvendo uma dor do seu consumidor e que você gosta tanto do problema que está disposta a trabalhar nele pelos próximos dez anos. Apresente sua ideia para muitas pessoas, faça pesquisas, colha feedbacks, se cerque de pessoas que você admira e não tenha vergonha ou medo de pedir ajuda.

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Jornalista do ecossistema de startups

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