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Startup traz inovação de bem-estar sexual para mulheres

Foto: divulgaçãp

“Nós mulheres não somos incentivadas
a olhar para nossa sexualidade como protagonistas.”

Você sabia que pelo menos metade das mulheres brasileiras não sentem prazer durante a relação sexual? Pelo menos esse é um dado apontado em uma pesquisa do Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex).

No estudo, 55,6% têm dificuldade para chegar ao orgasmo. Entre as várias causas apontadas, 67% responderam que têm dificuldade para se excitar e 59,7% sentem dor na relação. 

A Feel, uma das primeiras femtechs brasileiras, a desenvolver soluções para o segmento de sexual wellness, inova com produtos para intimidade feminina veganos, naturais e compatíveis ao PH feminino.

A jornada da empresa teve início com a iniciativa da empresária Marina Ratton, que desenvolveu os produtos a partir da cocriação, com a comunidade da marca, na qual pôde entender as reais necessidades das mulheres e as lacunas não atendidas pelo segmento de cuidados íntimos.

Hoje, 1 ano após seu lançamento, a startup passou por sua primeira rodada de investimentos, por meio da plataforma de equity crowdfunding Wishe, na qual obteve um índice histórico de 84% do financiamento liderado por investidoras mulheres, e alcançou a captação de R$ 550 mil.

Além da captação, a Feel também atraiu a atenção de um dos maiores grupos de beleza do país, o Grupo Boticário.

A marca participa do programa de aceleração da GB Venture da marca, no qual foi a primeira e única do segmento de bem-estar sexual a ser selecionada. 

Nesta entrevista exclusiva para o Economia SC, falamos sobre o mercado de bem-estar sexual para as mulheres aqui no Brasil, estigmas, tabus, prazer sexual feminino, desafios do negócio e muitas coisas mais. Confira:

Beatriz: Qual a importância do bem-estar sexual para as mulheres e por que esse tema ainda hoje é tabu?

Marina: Historicamente nós mulheres não somos incentivadas a olhar para nossa sexualidade, como protagonistas. São poucos os espaços de debate sobre este aspecto da nossa vida. Um dado que reflete esse tabu é que,  mais de 50% das mulheres no Brasil também afirmam não sentir prazer durante a relação sexual. Gosto de falar desse número, pois com ele, percebemos que as coisas não andam bem quando se trata de sexualidade feminina. Ainda existe muito estigma e pudor em torno de temas como: menstruação, fertilidade, menopausa.

Considero que o conceito de bem-estar íntimo nada mais é do que colocar luz nestas questões. A partir disso, começamos a nos apropriar de nossa sexualidade e passamos a decidir o que faz sentido para nossa intimidade e corpo. Talvez, o bem-estar íntimo e sexual seja apenas olhar com carinho e verdade para o Feminino.

Beatriz: De que maneira a pandemia impactou os negócios da empresa? Teria alguma pesquisa sobre o impacto da quarentena sobre a sexualidade da mulher?

Marina: A Feel nasceu na Pandemia e isso moldou muito a maneira como executamos as coisas por aqui: usamos todos os processos de metodologia ágil, somos digital e navegamos bem neste ambiente, conseguimos responder com agilidade às demandas do público.

Temos alguns dados proprietários como por exemplo a partir de março de 2020, mais de 80% das mulheres de nossa comunidade começaram a pesquisar sobre sexualidade online – anexados na matéria report da Spark Off e dados Google deste aumento.

Beatriz: Qual o maior desafio de trabalhar com esse nicho especificamente? Até hoje você só teve investidoras mulheres?

Marina: Mulheres são mais da metade da população do Brasil. Temos quantidade, volume e recorrência de uso quando falamos de menstruação, puerpério e menopausa. Temos dores latentes que não estão sendo atendidas. Com nosso público o único desafio é o da educação: encorajar mulheres a usar lubrificante e não se acostumarem a sentir dor na relação é um deles, por exemplo.  Dos nossos Investidores, 84% são mulheres. Acredito que parte disso se dá por identificação de dor. Já esses 16% são homens que entendem essa dinâmica e os desdobramentos disso. Em nosso board temos 1 homem e isso é fundamental para o equilíbrio que buscamos. Quando mulheres se sentem bem com sua sexualidade, todo mundo ganha.

Beatriz: Qual foi a estratégia de negócio para ganhar escalabilidade?

Marina: Acreditamos na dinâmica de comunidade. Nascemos entrevistando e conversando, nosso produto é co-criado e testado com clientes. Talvez essa lógica seja diferente do que o mercado está acostumado: só desenvolvemos o que faz sentido de fato. Nesse modelo, acontece uma coisa muito forte que é advocacy de marca. É muito comum uma cliente comprar nossos produtos para ela e na sequência, indicar para sua mãe ou amiga. De certa forma, nossos produtos abrem uma conversa entre mulheres.

Beatriz: Quais os planos daqui para frente com a Feel? 

Marina: Até o final do ano estamos trabalhando para lançar mais 3 produtos exclusivos e co-criados com nossa comunidade. Estamos focadas em pesquisa e desenvolvimento, assim como no fortalecimento de nossa comunidade. 

Beatriz: Você teria alguma dica para quem deseja empreender na área de sextech e femtech?

Marina: Escuta ativa, trazer a cliente para o centro da conversa, testar em parceria e, principalmente, empatia. Particularmente acredito que daqui pra frente, o propósito vai ser o principal ativo das startups.

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Jornalista do ecossistema de startups

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