Refletindo o cenário econômico global de inflação e alta de juros, o ecossistema de inovação brasileiro sofreu uma retração no mês passado: as startups brasileiras captaram US$ 298,5 milhões ao longo de 40 rodadas, enquanto em maio do ano passado o total aportado foi de US$ 772,6 milhões, em 74 rounds.
Os números fazem parte da mais recente edição do relatório Inside Venture Capital, produzido pela plataforma de inovação Distrito.
Considerando o acumulado dos cinco primeiros meses, o montante investido foi de US$ 2,6 bilhões em 282 rodadas. Nesse mesmo período no último ano, o mercado somava US$ 3,2 bilhões em 349 deals.
Gustavo Gierun, CEO do Distrito, explica que as startups estão sentindo rapidamente os efeitos do desafiador cenário macroeconômico:
“As empresas de tecnologia listadas em bolsa sofreram uma correção de preço brutal nos últimos 60 dias, o que impactou diretamente o apetite dos investidores no mercado privado. Para os investidores, o momento é de cuidado. Para os empreendedores, o momento é de ajustar a operação para não ser refém de novas captações”.
Mas, na visão dele, não haverá uma ruptura no mercado.
“Estamos vivendo um período de ajuste, por prazo indeterminado. Mas, historicamente, grandes empresas de tecnologia foram criadas em ciclos de aperto econômico. Bons empreendedores ainda terão muitas oportunidades”, complementa.
Seguindo a tradição dos últimos anos, as fintechs estão liderando os investimentos entre janeiro e maio e somam US$ 1,3 bilhão em aportes, o que corresponde a uma fatia de 51,3% do total investido no ecossistema.
Quanto a fusões e aquisições, a pesquisa contabilizou 16 transações em maio, elevando o total do ano para 103 acordos. No mesmo período do ano passado foram registrados 97 acordos.