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Uma questão de cultura

Foto: Alex Miranda.

Antes de entrar efetivamente no contexto de cultura, acredito que primeiramente devamos saber o que significa cultura.

Cultura no âmbito pessoal significa, na maioria das vezes, o conjunto de costumes adquiridos ao longo da vida, que pode ou não ser herdado do ambiente familiar ou dos lugares onde se viveu.

Os chamados bairrismos nos trazem uma série de comportamentos que acabam por influenciar o nosso estilo de vida, seja desde o modo como falamos, nos vestimos ou comemos.

No Brasil se percebe claramente as diferentes culturas e suas influências, uma vez que cada região do país tem suas particularidades.

Costumo dizer que temos um país 5 em 1, sendo cada região quase como um país por seus diferentes costumes, ritos, tradições e folclores, trazendo consigo uma raiz forte cultural.

Isso é cultura: ter frente ao seu estilo de vida, maneira de pensar de acordo com aquilo ao qual se identifica como pertencente a tal lugar ou comportamento, criando uma espécie de identidade baseada nesses costumes, o que podemos chamar de identidade cultural.

Nossa identidade cultural nos inspira e nos move a agir de acordo com aquilo ao qual fomos criados ou submetidos ao longo da nossa vida, nos fazendo acreditar nessa ideologia que passa sutil e instintivamente a nos conduzir em nossas ações desde as mais corriqueiras até as mais complexas e sérias. 

No âmbito empresarial, isso também é constituído. A ideologia de uma organização, marca e define as bases e pilares para todas as ações de uma empresa, ou pelo menos, deveria.

A ideologia de uma organização, que de fato deveria ser um mantra na construção e na condução do planejamento estratégico, deve expressar aquilo que se acredita como sendo a motivação para a condução do negócio. 

Recebendo os nomes de missão, visão, valores e negócio ou propósito, a ideologia é muito mais que lindos quadros na recepção: são esses pilares que devem sustentar e embasar as ações.

E se caso, ainda não contaram, eles são fundamentais quando o assunto é perenidade, transparência e trilha de crescimento.

São neles que se expressa onde a empresa coloca sua energia e se motiva para chegar onde se deseja, garantindo que nada fira o que realmente importa sob sua ótica. 

Um planejamento estratégico bem estruturado conta com muitas análises, apostas e ações previstas, mas a base de tudo está no sentido que precisa ter para existir.

A visão do negócio sinaliza o tão esperado resultado, ou seja, se não se sabe olhar para o futuro, qualquer lugar serviria.

Para ser assertivo na definição de ideologia, basta expressar o que realmente norteia a operação e que todos devem trabalhar para que aconteça.

Mais que frases bem escritas com bom efeito, elas precisam ser colocadas em prática, serem sentidas e notadas em todos os níveis. 

As pessoas devem ser as guardiãs da cultura de uma empresa, mas só o fazem a partir do momento que tudo aquilo o qual ela leu ou ficou sabendo na sua contratação é “experienciado” no dia a dia. De nada adianta estar escrito Ética no quadro de valores, e práticas nada éticas aconteçam a olhos nus. 

Aqui temos um ponto bastante importante: muito embora nos seus ideais as palavras possam possuir seus significados descritos no dicionário, vale uma definição personalizada, ou seja, de acordo com a interpretação da empresa, assim ficará claro o que significa sob o ponto de vista do negócio, e não cabe interpretações diversas do ser isso ou aquilo.

Defina o que cada coisa significa para que todos tenham em mente da mesma forma, mesmo assim é importante se certificar que toda e qualquer pessoa tenha o mesmo entendimento. Trabalhe com reforço de ideologia sempre.

Na gestão de pessoas é necessário estar atento se elas se enquadram na cultura, e, a meu ver, deve estar explícito já no momento da contratação. Percebo que muitas vezes há uma insatisfação por parte do colaborador e muito poderia ter sido esclarecido antes mesmo do sim para a vaga.

Saber se um indivíduo está apto para ocupar um posto numa empresa, principalmente nos nossos dias, vai muito além de ser qualificado para o cargo, ele precisa abraçar a cultura, e só será possível se coincidir com a sua. É uma via de mão dupla, se ambos combinam pertencerão e seguirão o mesmo norte.

Eu diria que em um mapa de competências faz parte estar alinhado à cultura. Exemplo: pessoas cartesianas não se identificam com ambientes pouco formais, e o inverso o mesmo.

Não estamos mais em um mundo onde manda quem pode obedece quem tem juízo, os papéis estão cada vez mais claros quanto às satisfações humanas, envolvendo competências de comportamento e bem-estar por parte dos ambientes.

Porém é muito subjetivo, o que me agrada pode não te agradar. Por isso, fit cultural está tão em alta. E não significa dizer que perdemos a hierarquia, não tem nada a ver com isso. Apenas não precisamos mais de quarteis generais para alcançar os resultados.

Ordem, regras, níveis de hierarquia nos organogramas, são como leis de trânsitos, necessárias para evitar o caos. Mas com processos bem estruturados e definidos, ela existe, é conhecida e não se pode alegar ignorância.

O que não podemos é concordar com o abuso de poder. Então comportamento salutar, respeitoso e práticas bem estabelecidas só trazem vantagens.  

Engajar pessoas é um dos maiores desafios enfrentados atualmente e seguramente tem a ver com a falta de pertencimento e alinhamento com o propósito e o conflito entre crenças.

Por isso para se conquistar o patamar de engajamento, a interação entre as partes deve acontecer de forma natural e voluntária, e isso é resultado de uma boa experiência para os indivíduos. 

Portanto se sua empresa tem uma cultura explícita, conhecida e vista na prática facilmente, aproximará pessoas que tenham o perfil adequado, e certamente também repelirá quem não se identifica com ela e com isso promoverá um ambiente coerente e eficaz comprometido com aquilo que acredita. 

Vale para tudo: produtos, serviços, indústria ou varejo, seja no processo de criação, vendas, marketing ou RH. 

O que realmente importa é que ao pertencer, a proatividade e a perenidade serão asseguradas transpondo a rotatividade pelo simples fato de a cultura estar impregnada e irrestrita a tudo e todos que se acercam ao negócio.

E mesmo tendo muitas singularidades se entenderá que a empresa possui sua identidade, deixando à vontade a decisão de não só fazer parte, mas de SER parte. Por fim, tudo acaba sendo, uma questão de cultura.

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Diretora comercial e marketing do Grupo Linear

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